Congresso Nacional não pode deixar Supremo sozinho no enfrentamento ao projeto autoritário do presidente, defendeu ele, para quem a omissão de dados do Ministério da Saúde é crime um crime contra a sociedade
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirmou neste sábado (6), durante live com presidentes dos partidos que compõem a frente Janelas Pela Democracia, que a instalação de uma CPI no Congresso Nacional para investigar Jair Bolsonaro é urgente.
Ele considera cada vez mais alarmante a leniência do presidente no combate à pandemia. Citou como exemplo mais recente a decisão do Ministério da Saúde de retirar do ar, por várias horas, a página com os números da Covid-19 no Brasil, levantando suspeitas de manipulação de dados. O site voltou a funcionar, mas sem uma série de informações, como o total acumulado de casos.
“O impeachment não surgirá com força se não houver uma CPI. Uma CPI pra discutir o que acontece no Ministério da Saúde, que agora está omitindo dados e impossibilitando, assim, que vidas sejam salvas. É crime de responsabilidade e crime contra a sociedade. Um pacto da morte. O Parlamento não pode transferir seu espaço político para um terceiro poder. Supremo não é órgão político por excelência. É o guardião da Constituição”, analisou.
Ele fez uma analogia com o Dia D, da II Guerra Mundial, quando as tropas aliadas desembarcaram na Normandia (França), abrindo outra frente de combate ao nazismo. Hoje, na visão dele, apenas o Supremo Tribunal Federal estaria agindo pra fazer frente à escalada autoritária de Bolsonaro. “Rodrigo Maia está fazendo um papel irreparável no combate à pandemia, não pode ser ele a antagonizar outro poder. Congresso precisa abrir outra frente, não pode ficar só o STF”, argumentou.
Freire aproveitou a live para fazer um apelo para que os manifestantes pró-democracia não saiam às ruas neste domingo (7). “Estamos vendo essa manifestação nos EUA contra o racismo que vai mudar o mundo todo, mas isso não foi convocado por ninguém, foi uma explosão que não ficou restrita ao movimento negro. Temos vontade de ir às ruas, mas não podemos evidentemente cair nessa provocação. O Janelas é um bom instrumento, de ampla força, para derrotar o Bolsonaro”, destacou.
O presidente do diretório nacional do PDT, Carlos Lupi, falou que o movimento pode colocar em risco as famílias. “É um ato de covardia às famílias. Precisamos ter respeito à Constituição. Esse é um momento de preservar a vida”. Para o presidente da Rede, Pedro Ivo, o sistema de saúde, mesmo sendo universal, com o SUS, não está preparado para exceder. “Não dá pra ir às ruas agora, embora tenhamos motivos. Temos que continuar a luta pelas redes sociais. A única saída é o isolamento social”, alertou.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, falou da importância da coerência e responsabilidade nesse momento. “As pessoas gostariam de estar nas ruas e protestar contra esse governo. Não podemos aconselhar nossos filiados a participarem dessas manifestações”. Presidente do PV, José Carlos Pena pediu que os brasileiros não aceitem provocações. “É tudo o que eles [bolsonaristas] querem. Esse é o novo normal. Se puder não ir à rua, não vá. Bolsonaro está louco para que isso aconteça. Não caiam no jogo deles”, sustentou.
União
Ainda na live, Freire defendeu que o movimento esteja aberto a receber todos os que queiram compor as forças de oposição a Bolsonaro. “Precisamos definir nosso objetivo. A prioridade é derrotar o presidente. Para isso, precisamos ter votos suficientes na Câmara e Senado e criar na sociedade essa vontade. Precisamos compreender que todos que são contra Bolsonaro são bem-vindos. Senão vamos lutar e não vamos concretizar”, avaliou.