Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (05/05/2020)

MANCHETES

O Globo

PGR quer ouvir ministros e obter vídeo do Planalto
Novo diretor da PF toma posse e deve afastar chefe do Rio
Defesa: missão das Forças Armadas é constitucional
Infectados entre 20 e 39 anos são maioria no país
Agências da Caixa são fechadas após casos de Covid-19
Mortes sobem 30% nas cidades mais atingidas pelao Covid-19
Rede pública do Rio enfrenta falta de sedativos e antibióticos
Após mais de um mês, deputados aprovam ‘Orçamento de Guerra’
Votação de ‘MP da Grilagem’ vai depender de acordo de líderes
Aldir Blanc, o letrista da alma do Brasil
Flávio Migliaccio, ator, diretor e dramaturgo
Europa inicia ‘novo normal’

O Estado de S. Paulo

PGR quer ouvir três ministros militares citados por Moro
Agressão à imprensa é inaceitável, afirma Defesa
Novo diretor da PF troca superitendente no RJ
Produção local de componentes cresce
Covas cogita uso de 20% dos leitos privados
Risco de mortes em SP de negros é 62% maior
Flávio Migliaccio morre aos 85 anos
Aldir Blanc – Uma dor assim pungente
Em SP, bloqueio e máscara

Folha de S. Paulo

Novo diretor da PF assume e acata pedido de Bolsonaro
Por acusações de Moro, Aras quer ouvir 3 ministros
Presidente eleva tensão no Supremo e de militares
PGR pede apuração sobre jornalistas agredidos em ato
Governo deve adiantar trocas em gabinete e inflar presença militar
Projeto vai mapear infectados por vírus em 6 bairros paulistanos
Desigualdade faz doença se estabilizar entre ricos e põe pobres em risco
Justiça já confisca UTI, e hospitais temem confusão
Em SP, máscara será obrigatória a partir de quinta
Bloqueios em São Paulo terão só corredor de ônibus livre
Petrobras busca tanques para estocar gasolina
Decreto beneficia locadoras, negócio de secretário
Ator Flávio Migliaccio é encontrado morto em sítio no RJ, aos 85
Morre Aldir Blanc aos 73
Italianos começam a voltar ao trabalho após quase 2 meses

Valor Econômico

Forças Armadas reforçam a defesa da democracia
Bancos vão apoiar plano do BNDES para Embraer
Pandemia acirra disputa EUA-China
Mais 3 capitais do NE podem ter ‘lockdown’
Governadores tentam taxar serviço digital
Provisão reduz lucro dos bancos
FHC diz ver risco de projeto autoritário e teme ‘paredão’
Mundo viverá ‘abre e fecha’ até a vacina

EDITORIAIS

O Globo

A Polícia Federal está diante de incertezas

Novo diretor-geral da PF, ligado ao nome predileto de Bolsonaro, terá a gestão acompanhada de perto

A posse do novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, a portas fechadas no Planalto, é parte da crise em que se encontra a instituição. A atmosfera de incertezas em torno da PF se torna ainda mais densa com a nomeação de Rolando, um delegado que trabalhou na Agência Brasileira de Informações (Abin), sob Alexandre Ramagem, que era o preferido do presidente Bolsonaro para o cargo. Impossibilitado por decisão liminar do ministro do Supremo Alexandre de Moraes de nomear Ramagem, Bolsonaro ficou com o seu subordinado. O presidente não pode reclamar de especulações de que a PF estará na verdade sob a sombra de Ramagem, também delegado de carreira.

A visível manobra, a ser desmentida apenas por fatos, é mais um lance na história das desavenças entre o ex- ministro da Justiça Sergio Moro e Bolsonaro sobre o desejo do presidente de tratar a PF como uma autarquia subordinada ao Planalto, um puxadinho do Palácio. Moro resistiu enquanto pôde. Chegou a substituir um superintendente do Rio de Janeiro, área de especial interesse do clã Bolsonaro, mas não conseguiu manter Maurício Valeixo no cargo que agora é de Rolando de Souza. Sob intensa pressão do presidente, saíram Valeixo e Moro, este fazendo um pronunciamento-delação sobre interesses presidenciais nada republicanos na PF, que fundamenta inquérito aberto no Supremo.

Rolando de Souza terá suas decisões acompanhadas de perto. Segundo Sergio Moro, Bolsonaro quer um diretor-geral e superintendentes da PF que lhe possam passar informações a tempo e a hora, como se o Brasil fosse uma republiqueta de bananas. Deseja converter a PF, um organismo de Estado, em um departamento do governo. Não há base legal para isso. Existem normas, protocolos. Tudo piora quando se sabe, por Moro, que Bolsonaro tem preocupação especial com inquéritos sobre a organização de manifestações antidemocráticas e a disseminação de fake news e ataques contra o Supremo e seus juízes, investigações presididas no STF por Alexandre de Moraes. As revelações de Moro levaram o ministro a atender à reclamação do PDT contra a ida de Ramagem, amigo da família Bolsonaro, para o posto mais elevado da PF. O ato esbarra nos preceitos constitucionais da “impessoalidade, da moralidade e do interesse público”.

O novo diretor-geral, em tese, será aquele para o qual Bolsonaro se sentirá à vontade para pedir favores. Mas é precipitado qualquer julgamento de Rolando de Souza. Bolsonaro, também de acordo com Moro, desejava trocar o superintendente do Rio, onde há investigações que envolvem o filho, senador Flávio Bolsonaro, no escândalo das “rachadinhas”, golpe dado na Alerj para desvio de dinheiro público. Ontem mesmo, Rolando de Souza convidou este superintendente, Carlos Henrique Oliveira, para ser seu segundo, cargo de peso, mas distante das investigações. Falta, para confirmar o que disse Moro, afastar o superintendente de Pernambuco. As atenções sobre Rolando de Souza aumentam. Se continuar assim, reforçará as denúncias de Moro.

O Estado de S. Paulo

Selvagens

As cenas de selvageria protagonizadas por delinquentes travestidos de patriotas, ao agredir o repórter fotográfico do Estado Dida Sampaio e outros profissionais de imprensa, envergonham a Nação

Os camisas pardas do bolsonarismo vestem verde e amarelo. As cenas de selvageria protagonizadas por esses delinquentes travestidos de patriotas durante manifestação com o presidente Jair Bolsonaro em Brasília, ao agredir o repórter fotográfico do Estado Dida Sampaio e outros profissionais de imprensa, envergonham a Nação.

O Brasil civilizado demanda que as autoridades façam uma investigação independente, rigorosa e célere dos fatos, sem se deixarem constranger pela truculência e pelo despudor característicos dos bolsonaristas. O presidente Bolsonaro deveria ser o primeiro a exigir ampla apuração. Mas Bolsonaro quer fazer o País acreditar que ele nem sabe se houve alguma agressão, fartamente registrada: “Eu não vi nada. Recriminamos qualquer agressão que porventura tenha havido. Se houve agressão, é alguém que está infiltrado, algum maluco, deve ser punido”.

Mais uma vez, o sr. Jair Bolsonaro trata os brasileiros como tolos. Tenta minimizar os múltiplos crimes e transgressões cometidos em comício que ele próprio estimulou – a começar pela aglomeração em plena pandemia de covid-19, passando pelas palavras de ordem golpistas e culminando com a covarde agressão a jornalistas.

A esta altura, não é mais possível dissociar a violência bolsonarista daqueles que a inspiram. Mas só há um responsável direto pela espiral de afronta à democracia por parte dos desordeiros com camisas da seleção brasileira – este é o sr. Jair Bolsonaro, de quem se esperam desculpas não em privado, transmitidas por assessores, mas sim públicas, tal como foram as agressões, e essas desculpas devem ser dadas aos jornalistas atacados, a este jornal e ao País. Mas já não há mais esperança de que o presidente venha a desencorajar os boçais que agem em seu nome. Ao contrário: a julgar pelo que disse no domingo, Bolsonaro está disposto a dobrar a aposta contra a democracia, envolvendo agora as Forças Armadas – que, segundo ele, “estão ao nosso lado”.

Depois de sucessivas derrotas no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro declarou que “chegamos no limite”, que “não tem mais conversa” e que “faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço” – referindo-se não à Constituição promulgada em 1988, mas a uma imaginária, que lhe dá poder absoluto.

O presidente, cujo apoio militar se resume a oficiais que ele levou para o governo e que são seus amigos dos tempos de quartel – relação que produz um tipo de lealdade que é pessoal, e não em torno de princípios –, claramente tenta enredar as Forças Armadas em sua ofensiva para desmoralizar o sistema constitucional de freios e contrapesos. “Esse é um fato que traz algum grau de preocupação, porque as Forças Armadas são instituições de Estado, subordinadas à Constituição, e portanto não estão vinculadas a governo nenhum”, reagiu o ministro do STF Luís Roberto Barroso, revelando uma inquietação que deveria ser de todos. Cabe aos chefes militares deixarem claro que nada têm a ver com a aventura bolsonarista e que, ao contrário, a repudiam.

Também se espera das forças vivas da Nação que manifestem não apenas sua repulsa, mas principalmente seu destemor diante de Bolsonaro e do bolsonarismo. “Cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror”, disse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. É preciso demonstrar que a Bandeira Nacional não pertence a essa minoria de desqualificados, que tentam sequestrar os símbolos pátrios para se apresentarem como os únicos brasileiros do País – os demais seriam “comunistas”, como foi chamado o ministro do STF Alexandre de Moraes, autor de decisões contrárias a Bolsonaro, numa intimidatória manifestação bolsonarista.

A escalada golpista coincide com o avanço de investigações sobre o clã Bolsonaro. E também coincide com a redução significativa do apoio popular ao presidente: a mais recente pesquisa da XP/Ipespe mostrou que em uma semana cresceu sete pontos porcentuais, para 49%, a fatia de brasileiros que consideram o governo Bolsonaro “ruim” ou “péssimo”. O recado a Bolsonaro vai ficando assim claríssimo: cada vez menos brasileiros toleram um presidente que, eleito para governar para todos, escolheu agir como condutor de pandilha.

Folha de S. Paulo

Não é sério

Dano à imagem global do Brasil se agrava com a gestão da pandemia por Bolsonaro

No auge de uma hoje pitoresca Guerra da Lagosta, rinha diplomática travada entre brasileiros e franceses em torno da pesca do crustáceo em 1963, espalhou-se que Charles de Gaulle havia dito que “o Brasil não é um país sério”.

O mítico presidente francês nunca proferira a frase, assumida anos depois como um comentário privado do então embaixador brasileiro em Paris, Carlos Alves de Souza.

Ela ficou, contudo, no imaginário popular e na crônica política como prova de como somos malvistos por povos ditos mais civilizados.

Os anos se passaram e a relativa estabilidade institucional adquirida após a redemocratização, acompanhada pela maior racionalidade no trato da economia, pareciam ter colocado o Brasil em um clube de nações que, se não exprimem o que há de melhor em termos civilizatórios, se esforçam para tanto.

Até aqui, ao menos. Após passar um ano sendo alvo de críticas no exterior, ora por suas paixões autoritárias, ora pelo trato da Amazônia, Jair Bolsonaro virou o pária da vez —e levou consigo o país— devido à sua política errática de combate à pandemia.

Primeiro foi a imprensa, que o identificou junto ao punhado de líderes que preferiram minimizar o Sars-CoV-2, gente do quilate do autocrata bielo-russo Aleksandr Lukachenko —aquele que receita vodca e sauna contra o vírus.

Aos poucos, a percepção negativa se consolida entre chefes de Estado mundo afora, a começar pelos vizinhos regionais.

O argentino Alberto Fernandéz disse que não vê seriedade nas ações brasileiras. O mesmo foi relatado nos governos de Uruguai, Paraguai e Bolívia, todos preocupados com a extensa e porosa faixa de fronteira com o Brasil.

A China, ofendida pelas críticas à sua condução da crise feitas por Eduardo Bolsonaro e Abraham Weintraub, subirá o preço de negociações daqui para a frente. Outro golpe recente veio do ídolo de Bolsonaro, o presidente norte- americano Donald Trump.

Desde a semana passada, ele citou o problema da pandemia no Brasil em três ocasiões, cogitando até vetar voos do país aos EUA. Só sobrou um elogio genérico ao esforço de Bolsonaro, de resto numa cruzada semelhante à de Trump, para reabrir a economia apesar da tragédia imposta pela Covid-19.

Se já não gozava de muito respeito externo, Bolsonaro vai precisar fazer mais do que posar com bandeiras americana e israelense em atos antidemocráticos para tentar recuperar a imagem do país.

Não é detalhe. O impacto da falta de seriedade se espraia da diplomacia para a economia, com potenciais danos a investimentos futuros e perda de densidade em negociações políticas e comerciais.

Valor Econômico

Linhas de crédito auxiliares precisam se disseminar mais

No pior cenário possível, a pandemia pode exigir aumento de provisões de R$ 395 bilhões e reforço de R$ 70 bilhões de capital dos bancos

Uma das primeiras medidas do governo para amenizar o impacto da pandemia na atividade econômica foi ativar o crédito. Uma série de providências foram adotadas com potencial para liberar R$ 1,2 trilhão na economia. Muitas delas só começaram a fazer efeito recentemente, outras ainda não estão operacionais ou não funcionam como se desejava.

De toda forma, o balanço do crédito em março, feito pelo Banco Central (BC), já mostra algum efeito positivo; e levantamento dos bancos avançando para abril são animadores. Mas alguns aperfeiçoamentos são necessários para disseminar os benefícios e evitar o efeito “álcool em gel”, como chamou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que faz com que apenas as grandes companhias aproveitem as flexibilidades oferecidas.

Estatísticas do crédito em março mostraram aumento de R$ 93 bilhões no saldo para empresas, informou o BC, passando de R$ 1,443 trilhão para R$ 1,536 trilhão, levando em conta tanto recursos livres quanto os direcionados. No entanto, R$ 81 bilhões desse total tiveram como destino as grandes empresas, com receita bruta anual superior a R$ 300 milhões. Apenas os cerca de R$ 11 bilhões restantes foram para as micro, pequenas e médias empresas.

O BC informou que o saldo de crédito subiu 9% nas operações com companhias de maior porte para R$ 983,7 bilhões, o maior volume da história; e que houve alta de apenas 2,1% no caso das menores, levando o saldo para R$ 552,5 bilhões. Os números chamam a atenção porque as grandes empresas têm maior possibilidade de acessar alternativas de financiamentos por outros meios.

As pessoas físicas também ficaram para trás, O saldo dos empréstimos para as famílias cresceu apenas 0,3%, sendo que as concessões, que refletem na prática a oferta de novos recursos, despencaram em março 12% nas operações de linhas livres, dessazonalizadas, sem finalidades compulsórias como financiamento habitacional. Diminuíram até linhas cuja demanda é geralmente elevada, como a do financiamento de veículos e cartão de crédito. A análise inicial é de que as próprias pessoas puxaram o freio dos gastos não só em consequência do isolamento social como também da cautela diante da dificuldade de se prever o futuro.

O estoque total de empréstimos teve aumento de 2,9% em março sobre fevereiro, para R$ 3,587 trilhões. Em 12 meses, a expansão do crédito chegou a 9,6%, superando os 4,8% projetados para o ano pelo BC, estimativa atualizada no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em março, que já leva em conta os efeitos da pandemia.

Desde então, várias medidas foram anunciadas para ampliar a oferta de recursos. Uma delas é a linha para financiar o pagamento de folha, para empresas pequenas, com faturamento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões. A linha tem potencial para liberar de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões. No entanto, nas três primeiras semanas de existência menos de R$ 7 bilhões foram contratados. Entre os motivos prováveis estão a exigência de que a empresa não tenha dívida junto ao INSS nem demita os funcionários. Uma das sugestões para escoar os recursos, que custam apenas a taxa Selic, é ampliar o foco, abrangendo empresas com faturamento de até R$ 30 milhões, e o prazo, de dois para quatro meses.

Uma alternativa sugerida por um banqueiro é transferir os recursos não utilizados para a linha ainda em estudo, destinada às empresas médias, com faturamento entre R$ 10 milhões e R$ 300 milhões anuais, cobertas pelo Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), com participação do BNDES. Essa linha de financiamento de capital de giro abrange também folha de pagamento.

O processo ainda é lento uma vez que há mais de um mês foi registrada a primeira vítima da Covid-19 no país e já ter ficado evidente o desespero da população e o aperto vivido pelas empresas. Parte da explicação pode estar na ineficiência dos envolvidos, mas parte pode estar também no alerta feito no recente Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do Banco Central, que prevê que os ativos problemáticos dos bancos no crédito a pequenas e médias empresas e a pessoas físicas poderão superar os patamares observados no auge da recessão encerrada em 2016.

No pior cenário possível, a pandemia pode exigir aumento de provisões de R$ 395 bilhões e reforço de R$ 70 bilhões de capital dos bancos. Nesse cenário mais negativo, o mercado de crédito levaria três anos para se recuperar, prazo semelhante ao que os bancos levaram para limpar as carteiras das perdas de 2016.

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