Presidente nacional do Cidadania diz que os dois tentam jogar a crise no colo dos ministros da Corte e terceirizar suas responsabilidades. Para ele, governo entrou no modo encenação e só é autêntico no desprezo pela vida e pelos mais pobres
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, reagiu duramente à tentativa do presidente da República, Jair Bolsonaro, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, de pressionar o Supremo Tribunal Federal de responsabilizar a Corte pela crise decorrente da pandemia de Covid-19.
Os dois foram andando do Palácio do Planalto para o STF com um grupo de empresários pedir que os ministros interfiram para estados e municípios relaxarem o isolamento social no momento em que a contaminação e as mortes estão em escalada.
“Guedes e Bolsonaro organizaram uma marcha da estupidez e da morte em direção ao STF, com um séquito de empresários, para coagir a Corte, colocar a crise no colo dos ministros e terceirizar suas responsabilidades. No caminho, pisaram nos 8,5 mil mortos que a Covid-19 já deixou”, censurou.
Encenação
Na avaliação de Freire, o episódio demonstra que, em vez de agir, Bolsonaro optou por encenar. “O governo entrou no modo encenação. Só existe na forma. Finge preocupação, finge que a economia importa, finge liberar o auxílio emergencial, finge o socorro às empresas. Só não finge o desprezo pela vida e pelos mais pobres. Nisso, são autênticos”, apontou.
Além do exemplo da renda básica, que não chegou ainda a milhões de brasileiros que realizaram o cadastro, ele citou a linha de crédito que o Congresso Nacional aprovou para os pequenos negócios, mas que não está chegando na ponta. “O preço da politicagem rastaquera do ministro e do presidente poderá ser medido em mortes e perda de empregos. Como lembrou o líder Arnaldo Jardim, o dinheiro não está chegando aos micro e pequenos empresários”, disse.
À alegação de que a indústria está na UTI, nas palavras de Bolsonaro, e que haverá morte de CNPJ, Freire contrapôs as 8,5 mil famílias que já perderam um ente querido para doença e disse que o momento mais grave da pandemia pede, na verdade, medidas ainda mais restritivas.
“O Brasil já tem o 3º maior aumento de casos diários do mundo. É o 6º país em mortes. Faltam leitos e profissionais de saúde. Para a política, a ciência indica que é hora de medidas duras, até mesmo o lock down. Mas o país não tem presidente nem ministro da Saúde. Bolsonaro e Teich são duas nulidades”, finalizou.