Para apresentador, governo Bolsonaro é disfuncional e descoordenado na pandemia
Ao participar nesta quarta-feira (6) do webinar Casa Jota, do portal de notícias jurídicas, o apresentador Luciano Huck defendeu o surgimento de uma nova forma de mobilização digital para fazer frente ao clima de polarização política fomentado por militâncias radicalizadas, que dividiu o país em bolhas com o discurso da exclusão e do ódio nas redes sociais.
“A gente tem de gerar a militância do bem radical, pessoas que querem o bem da nação e não o mal do outro. Essa militância tem de caminhar na construção da narrativa de como fazer o país mais eficiente e mais afetivo, como dialogar com todo mundo”, sugeriu.
Segundo o apresentador, a sociedade civil organizada está dando bons exemplos de como pessoas de pensamentos diversos podem manter uma convivência saudável. “Movimentos como o Acredito e o Livres, por exemplo, reúnem gente da mais alta qualidade, seja da direita ou da esquerda. Fazem um debate em torno de ideias, não precisa brigar”, disse.
No bate-papo com o analista-chefe do Jota em São Paulo, Fábio Zambeli, sobre os desafios e perspectivas do Brasil pós-pandemia, Luciano Huck também reforçou sua confiança na democracia brasileira que, segundo ele, tem dado demonstrações de maturidade, com seus mecanismos de defesa de freios e contrapesos, para lidar com manifestações autoritárias.
“A gente não pode aceitar nenhum tipo de rompante autoritário ou que desrespeite qualquer um dos poderes instalados. Tenho bastante segurança na enorme maioria dos militares. Eles são defensores da democracia e sabem o papel e o limite das Forças Armadas”, disse.
Falta de coordenação
Sobre o enfrentamento da epidemia do coronavírus, o apresentador lamentou a falta de um gabinete de crise que pudesse oferecer respostas mais ágeis às urgentes demandas sociais, com o papel de promover a integração e a coordenação das diferentes esferas de governo.
“A gente adoraria que tivesse um país coordenado do ponto de vista de todas as esferas federais, estaduais e municipais, que a gente tivesse, de fato, um gabinete de crise em que as pessoas sentissem segurança do que está sendo dito e do que está sendo feito”, afirmou.
Embora não tenha citado o nome do presidente Jair Bolsonaro, o apresentador criticou a descoordenação do governo federal e afirmou que o país vive uma crise institucional.
“O governo é disfuncional na sua organização. É importante que tivesse uma liderança que fosse acolhedora, apontando qual o caminho pós-pandemia. O foco deveria ser somar forças, salvar vidas. Isso não aconteceu”, destacou.
Ao longo da entrevista, Huck falou sobre a atuação bem-sucedida das redes de solidariedade no país, que levantou um volume inédito de doações no Brasil, em curto período de tempo, e contou com a importante ajuda de líderes comunitários para fazer chegar a ajuda assistencial aos lugares onde vivem as pessoas mais necessitadas.
“Parte da solução das favelas está dentro dela. A comunidade mostrou sua força, sua potência de se organizar e fazer com que o dinheiro doado fosse distribuído de porta em porta”, afirmou.
O apresentador lamentou o fato de que a maior parte das escolas brasileiras não tenha conexão com a internet e manifestou preocupação com a interrupção das aulas durante a pandemia. “Quando se quer de fato reduzir a desigualdade, a ferramenta mais poderosa é a educação. Hoje temos milhões de alunos em casa correndo o risco de perder um ano inteiro de estudo”, criticou.
Segundo Huck, a situação social só não ficou mais grave durante a crise de saúde por conta da eficiência do agronegócio brasileiro, que deu regularidade ao abastecimento nas cidades brasileiras. “Nunca a cidade dependeu tanto do campo como agora, ia ser o caos social. A descompressão é porque tem comida no mercadinho, chegou leite, frutas, feijão nos mercados”, ressaltou.
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