Nelson Teich pediu demissão ao ser pressionado a assumir publicamente o uso da cloroquina como tratamento eficaz para a covid-19
O líder do Cidadania na Câmara dos Deputados, Arnaldo Jardim (SP), culpou Jair Bolsonaro pelo pedido de demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich nesta sexta-feira (15). Segundo Jardim, o presidente abre mão da ciência pelas suas convicções.
“Mais uma evidente demonstração de que o presidente tem dificuldade pra montar equipe. Não suporta ter divergências. Mais do que isso, abdica e recusa qualquer avaliação técnica, não convive com especialistas, troca a ciência pelas suas impressões pessoais. Hoje o país vive um momento de instabilidade e isso tem uma origem, o comportamento do presidente Bolsonaro”, ressaltou o parlamentar.
Na avaliação do deputado Marcelo Calero (Cidadania-RJ), Jair Bolsonaro não aceita um quadro técnico que não se curve aos seus caprichos. “O Brasil segue na marcha da insensatez. Mais um ministro que deixa o governo por não compactuar com o obscurantismo e voluntarismo. Por não compactuar com um projeto genocida. Já não estamos mais à beira do abismo. Estamos nele. E cada vez é mais rápida a queda livre”, disse. Calero defende o impeachment do presidente. “A gravidade do que está acontecendo impõe a necessidade de um impeachment. O quanto antes”.
Tragédia
O vice-presidente do Cidadania, deputado Rubens Bueno (PR), classificou como uma tragédia o pedido de demissão de Teich. “Temos uma pessoa desequilibrada na presidência. Precisamos urgentemente de saúde mental. Não dá, pra no meio de uma pandemia, trocarmos dois ministros que estavam fazendo um bom trabalho em virtude de caprichos de um presidente. É preciso ciência neste momento”, defendeu Bueno.
Carmen Zanotto (Cidadania-SC) também manifestou preocupação com a saída do ministro da Saúde. “É uma triste notícia para saúde brasileira neste momento de grave crise sanitária no Brasil”, disse. De acordo com a parlamentar, Teich vinha seguindo o caminho da ciência e do diálogo, buscando aproximação com os governadores e prefeitos. “Chegou a apresentar um plano de saída gradual e responsável do isolamento social, de acordo com os índices de saúde de cada município”, elogiou Zanotto.
Para o deputado federal Alex Manente (Cidadania-SP), é lamentável o país ter que lidar com uma crise política em meio a pandemia do coronavírus. “O Brasil perde mais um ministro da Saúde durante a maior crise dos últimos 100 anos. É impressionante como além da crise econômica e de saúde pública, nós vamos ter que suportar uma crise política”.