Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (13/05/2020)

MANCHETES

O Globo

Bolsonaro defendeu em reunião troca na PF para proteger família
Vídeo foi exibido a Moro, investigadores, PGR e AGU
Presidente diz que temia por segurança de parentes
Weintraub pediu cadeia para ministros do STF
Planalto afaga centrão com verba para Covid-19
Governo admite estender auxílio além de 3 meses
Sem motivo para festa
Brasil registra o maior número de mortes pelo vírus em 24 horas

O Estado de S. Paulo

Em vídeo, Bolsonaro liga troca na PF à proteção de sua família
Brasil tem recorde de 881 mortes pela covid em 24h
Presidente atrasa veto para garantir reajuste a policial
70 mil militares receberam R$ 600
‘Novo normal’ na escola
Brasil ganha R$ 52 bi em cédulas em 2 meses
Dólar chega a R$ 5,86 e BC vende US$ 500 mi
Para especialistas, academia e salão de beleza trazem risco
Epidemia impediu 50 mil diagnósticos de câncer no País
Escolas de SP devem negociar mensalidade

Folha de S. Paulo

Em reunião, Bolsonaro vincula troca na PF a proteção da família
Presidente pede relatório de produtividade à PF, ato inédito, em preparação de sua defesa
Dólar fecha em alta de 0,9% e vai a recorde de R$ 5,87; real é divisa que mais se desvaloriza no ano
Decreto sobre serviços gera conflito com governadores
Líder admite que grupo bolsonarista é armado
Governo vai rever PIB de 2020 para queda de 4% a 5%
País registra outro recorde, com 881 vítimas em 24h
Em menos de 5 meses, vírus já atinge 180 países
Time de Guedes pede veto a reajuste até de médicos
Curados da Covid podem ter de insuficiência renal a perda cognitiva
Justiça nega pedido de suspensão do rodízio paulistano
Após novos casos, berço do coronavírus planeja testar 11 milhões

Valor Econômico

Vídeo complica Bolsonaro e mercado reflete crise política
Vale investe em renováveis, mas sofre restrição
Hospitais viram consultores de empresas
OCDE estima colapso “sem precedentes”
STF decide sobre ICMS na importação
Mercado de soja tende à normalização

EDITORIAIS

O Globo

Vídeo de Bolsonaro parece uma confissão

Confirmados os fatos, inquérito precisa prosseguir para o bem das instituições republicanas

O vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, em que, segundo o ex-ministro Sergio Moro, o presidente Bolsonaro confirmou que faria tudo para substituir Maurício Valeixo na diretoria-geral da Polícia Federal, inclusive demitir o ministro da Justiça e Segurança Pública, superior hierárquico de Valeixo, era a peça final de um quebra-cabeça já conhecido no seu conteúdo. O relato público que Moro fez no dia 24, dos motivos de sua saída, sem responder a perguntas da imprensa, já trazia o entendimento de que o presidente queria ter na Polícia Federal, na cúpula e/ou na superintendência do Rio de Janeiro, pessoas com as quais ele pudesse obter informações e relatórios de inteligência, o que não é função da PF, uma polícia que trabalha em inquéritos instaurados pela Justiça. Bolsonaro queria privatizar a PF.

A íntegra do vídeo, pedida pelo ministro do Supremo Celso de Mello, presidente do inquérito sobre as denúncias de Moro, conduzido pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, foi exibida ontem em Brasília para Moro e seus advogados, além de representantes da Advocacia-Geral da União (AGU), do lado do presidente, policiais e procuradores. A divulgação restrita — o vídeo continua sob sigilo — completou uma cena não surpreendente, mas o fez com um bônus. Segundo relatos, o presidente aparece, como afirmara Moro, dizendo que substituiria o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, a quem Moro resistia a afastar, e que poderia demitir o próprio ministro. O bônus veio na declaração de que ele queria defender sua família. Tudo ficou explícito, a se confirmar o conteúdo do vídeo.

A explicação também não é uma surpresa, mas tem grande impacto político e ético ao sair da boca de Bolsonaro. Soa como confissão. A preocupação do presidente com os filhos é conhecida. E motivos existem. Bolsonaro assumiu a Presidência quando Flávio, eleito senador pelo Rio, passara a ser investigado no escândalo da “rachadinha”, ocorrido na Alerj, em que Flávio e outros deputados foram apanhados num esquema de recolhimento de parte dos salários de assessores, segundo denúncia do Ministério Público. No caso do hoje senador, uma operação a cargo do desaparecido Fabrício Queiroz.

A PF não está neste caso. Mas atua em dois inquéritos que correm sob a presidência do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, que investigam esquemas de distribuição de fake news e de ameaças contra o Supremo e ministros da Corte; e ainda os esquemas de financiamento e organização das manifestações antidemocráticas, apoiadas pelo presidente e clã. Moraes se tornou um alvo ainda mais prioritário de milícias bolsonaristas por ser quem concedeu liminar pedida pelo PDT contra a posse do delegado Alexandre Ramagem no lugar de Valeixo, com o argumento de “desvio de finalidade”. Indiscutível, pois em nenhum momento Bolsonaro escondeu que teria no chefe de sua segurança durante a campanha alguém com quem pudesse “interagir”. Entenda-se, obter informações privilegiadas sobre adversários políticos, por exemplo. Esta é uma possibilidade a não ser descartada. A história de ditaduras latino-americanas ensina o que pode acontecer quando aparatos de segurança pública passam a servir a caudilhos, autoritários por definição.

Nesses dois inquéritos, os filhos “02”, o vereador Carlos, e “03”, o deputado Eduardo, poderiam estar citados. Além, é provável, de suas conexões com o “gabinete do ódio” que atuaria no Planalto, usina de articulação de ataques virtuais, e nem por isso menos criminosos. O presidente, já no final do dia de ontem, em um arremedo de entrevista dada do alto da rampa do Planalto, procurou afastar a família de qualquer investigação da PF.

Só o prosseguimento deste inquérito — se o procurador-geral, Augusto Aras, não arquivá-lo intempestivamente — poderá esclarecer. Independentemente da família presidencial, interessa averiguar esta tentativa de interferência política e pessoal em um aparato de segurança do Estado, para que as devidas punições impeçam que isso se repita e faça o Brasil retroceder no processo civilizatório.

O Estado de S. Paulo

As cartas do Centrão

Bolsonaro negocia com partidos que, sem nenhum compromisso com o interesse público, fazem da política balcão de negócios

Não bastasse a pandemia do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro criou mais um elemento a gerar preocupação sobre o futuro do governo e do País. Na tentativa de se proteger de eventual abertura de processo de impeachment, bem como de barrar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar suas irresponsabilidades, o presidente da República passou a negociar pessoalmente com o chamado Centrão – o bloco de partidos que, sem nenhum compromisso com o interesse público, faz da política um balcão de negócios.

Conforme revelou reportagem do Estado, o objetivo do Centrão é a liberação de recursos públicos, com o abandono por parte do governo federal de seu compromisso com o equilíbrio das contas públicas. Sinônimo de fisiologismo e habituado a não ter especiais pudores em suas negociações, o bloco de legendas tem claro o que deseja do presidente Jair Bolsonaro.

Ciente de que o Palácio do Planalto tem o controle das artilharias virtuais contra seus adversários políticos, o Centrão exige, em primeiro lugar, um cessar-fogo das redes bolsonaristas. Ainda que sua trajetória parlamentar seja umbilicalmente unida aos partidos do Centrão, desde a campanha presidencial de 2018, Jair Bolsonaro valeu-se da rejeição popular à compra e venda de apoio parlamentar, e prometeu instaurar uma forma de fazer política. Agora, o Centrão está cansado do tratamento abusivo que recebeu nos últimos dois anos e prescreve, se o presidente de fato almeja apoio no Congresso, a interrupção dos ataques, numa política de mais moderação e diálogo. O Centrão é especialista neste diálogo que, acima de tudo, é um intenso e profícuo comércio.

O Centrão pode ser criticado por inúmeros defeitos, mas não o da ingenuidade. Sabe que, para a concretização dessa troca de apoio e favores, é preciso que as partes honrem a palavra – e, nestes 17 meses de governo, o presidente da República não foi pródigo em exemplos nesse sentido. Na realidade, Jair Bolsonaro fez-se insistentemente refém de quem grita mais alto, mesmo que a voz altiva fosse apenas a de seus devaneios. O Centrão não é afeito a esse tipo de inconstância. Para entregar o tão desejado apoio político no Congresso, quer ver antes o presidente Bolsonaro cumprindo sua palavra.

Mas tudo isso são meras condições prévias diante do real objeto de desejo do Centrão. Em sua aproximação de Bolsonaro, o bloco vislumbrou um jeito de assegurar sua sobrevivência eleitoral. A solução não tem nada de inovadora, mas simples cópia do que, anos antes, o presidente Lula fez de forma tão sistemática. O Centrão quer que o governo federal abra as torneiras do Tesouro, irrigando com fartos recursos públicos o cenário eleitoral, especialmente no Nordeste.

Parlamentares do bloco já falam abertamente, por exemplo, em tornar permanente o auxílio emergencial de R$ 600 a informais e de ampliar o valor do benefício pago a empregados com carteira assinada afetados por redução de jornada e salário ou pela suspensão do contrato de trabalho. A jogada é clara: que o “corona voucher” possa ser o que foi o Bolsa Família, em termos eleitorais, durante os anos em que o PT esteve no governo federal.

Além de não ser ingênuo, o Centrão sabe que não há recursos públicos suficientes para a empreitada. Mas ele não se melindra com a origem do dinheiro e tem uma sugestão para contornar essa dificuldade – a emissão de moeda. Eis o cenário ideal para as aspirações do Centrão: um presidente da República que faz de tudo para se enfraquecer diariamente e ainda se mostra disposto a imprimir dinheiro. É modalidade de saque sem limite.

A concretização do acordo de Jair Bolsonaro com o Centrão representa o abandono da política prometida na campanha, escanteando a um só tempo o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Tal como Lula e Dilma fizeram, o tal pacto levaria o País à garra por meio da irresponsabilidade fiscal, tudo em troca de apoio político-eleitoral. De forma trágica e dolorosa, o País vê como bolsonarismo e lulopetismo são semelhantes, se não nos meios empregados, certamente quanto aos fins que almejam.

É constrangedor o desrespeito com que Jair Bolsonaro trata os brasileiros – e tudo isso, no meio de uma pandemia.

Folha de S. Paulo

A noção do essencial

Com decreto descabido para a abertura de salões, Bolsonaro aposta no desgoverno

Poucas cenas ilustram tão bem o desgoverno da administração Jair Bolsonaro na crise do coronavírus quanto a reação do ministro da Saúde, Nelson Teich, ao ser informado de que seu chefe acabara de anunciar a inclusão de academias esportivas, barbearias e salões de beleza no rol de serviços essenciais a serem mantidos na pandemia.

Surpreendido pela notícia enquanto concedia uma entrevista coletiva de imprensa na segunda-feira (11), um balbuciante Teich ainda tentou explicar de forma constrangedora aquilo que seria inconcebível em outros tempos —a decisão amalucada fora tomada sem consulta a sua pasta.

Mais que impor uma humilhação ao subordinado, o decreto presidencial deixa claro que se mantém firme a infame estratégia bolsonarista de tentar sabotar esforços estaduais e municipais para controlar a disseminação do Sars- CoV-2.

Em decisão recente, o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que prefeitos e governadores gozam de autonomia para determinar tanto medidas de quarentena como fixar os serviços aptos a seguirem funcionando.

Em outras palavras, o presidente sabe que não possui o poder para impor sua vontade nessa questão, e age apenas como o provocador cínico e incendiário que sempre foi. Fomenta a confusão, estimula a desobediência e excita as hostes que bradam em carreatas pela reabertura do comércio.

Depois de diversos estados anunciarem que irão ignorar o decreto, Bolsonaro voltou à carga. Sugeriu que a reação dos governadores afronta o Estado democrático de Direito e “aflora o indesejável autoritarismo no Brasil” — tratando com a costumeira leviandade de valores, esses sim, essenciais.

Medidas e declarações desencontradas —e, sobretudo, o descaso— do Executivo federal se enquadram naquilo que o diretor-executivo da Organização Mundial da Saúde classificou de “séria cegueira” de certos governos, não nominados, diante da Covid-19.

Não parece ser coincidência que, entre as dez nações com maior número de mortes, apenas o Brasil de Jair Bolsonaro e os EUA de Donald Trump não tenham adotado políticas de alcance nacional.

Impossível, assim, dissociar a omissão governamental do curso preocupante que a epidemia vem tomando no país. Como constatou reportagem desta Folha, na semana passada o aumento diário do número de mortes aqui se dava em taxa superior à de países europeus em estágio similar da crise.

Nada, no entanto, que faça mudar as prioridades do presidente.

Valor Econômico

BC avalia os limites para a redução da taxa de juros

Desvalorizações cambiais ainda mais fortes e ameaça de insolvência do Estado não são riscos desprezíveis

A reação à pandemia levou a um “choque desinflacionário” que jogará a inflação abaixo do piso de 2,5% da meta de inflação para 2020. O Banco Central cortou em 0,75 ponto percentual a Selic, para 3%, e prometeu outro corte no máximo da mesma magnitude na próxima reunião. Isto é tudo o que o BC pode fazer ou é possível ir mais longe? Pela ata do Comitê de Política Monetária, a questão, em termos teóricos e práticos, é controversa, e o BC preferiu então agir como quem tem pouca certeza sobre passos seguintes: reconheceu a “importância do gradualismo” na condução da política monetária.

O BC continuou a seguir sua estratégia correta de evitar que o piso da meta seja furado, algo raro. Nível de preços inferior ao intervalo menor, em um país de passado inflacionário, foi considerado informalmente um triunfo. Exageros do aperto monetário foram vistos com condescendência. Não mais, porque o perigo é outro.

O choque deflacionário é intenso e reflete um tombo assustador das atividades econômicas no país. As estimativas para o tamanho da recessão estão piorando e deixando o -5,3% do Fundo Monetário Internacional parecer otimista. Há projeções de -7% a -9% para o ano. E mesmo a melhor dessas expectativas seria suficiente para confirmar a década atual como a de menor crescimento desde a fundação da República.

A intensidade da recessão fez o BC prescrever “estímulo monetário extraordinariamente elevado” e vislumbrar uma retomada sem muito vigor. O segundo trimestre será um desastre, a primeira metade do ano foi perdida e a recuperação será “gradual” a partir do terceiro trimestre. E esse ritmo gradual tem a modulação dada pelas reaparições do coronavírus: será caracterizado por “idas e vindas”.

O corte de 0,75 ponto foi visto com surpresa por muitos analistas que estavam preocupados com a desvalorização ininterrupta do real. Outros, que costumavam apontar a meta de inflação como guia único de conduta quando se cobrava do BC uma atitude mais enérgica para estimular uma economia anêmica, passaram a apontar o câmbio como obstáculo a novas quedas dos juros. O BC seguiu fiel ao regime de metas – e também recebe críticas por estar sendo mais conservador, e não menos.

A taxa de juros é agora negativa (-0,2%) se considerada a inflação projetada um ano à frente. Há limites para reduzir a Selic abaixo dos 2,25% sinalizados pela ata do Copom? Dois integrantes do colegiado defenderam corte de 1,5 ponto percentual de uma só vez, e a manutenção da taxa pelos próximos meses, pois viram o risco de descumprimento da meta em 2021, a saber, a inflação continuar abaixo do piso, de 2%.

A maioria do BC, porém, acredita que há um limite efetivo mínimo para a Selic, mas que ele é maior que o dos países desenvolvidos, o “zero lower bound”, por causa das incertezas fiscais e do prêmio de risco que lhe é conexo. A importância do limite cresce com a aprovação da autorização para que o BC compre títulos públicos e privados.

O Brasil nunca teve o problema de um processo deflacionário sério, nunca pensou na solução em seus riscos. O mais óbvio deles é o de um BC que não é independente financiar o Tesouro, logo os interesses políticos do presidente de turno. Esse risco é passageiro: a permissão só é válida até o fim da pandemia. Dentro dos limites da boa política monetária e da transparência, faz sentido ter o instrumento à mão e usá-lo com prudência, se necessário.

Para isso, será preciso que a inflação fique por um bom tempo abaixo dos 2% anualizados, o que é improvável – isso só ocorreu nos últimos 40 anos em dois trimestres após a implantação do Plano Real. Mas o instrumento tem vantagens: abre espaço na carteira dos bancos para mais crédito a empresas e para emissões privadas, injetando recursos diretamente em um momento em que as instituições financeiras jogam na retranca. O BC poderá também ensaiar a suavização da curva de juros de longo prazo, que se desgarrou à medida que a Selic foi reduzida.

Juro baixo, por seu lado, reduz o custo de financiamento da rede de proteção lançada e de todos os gastos necessários à saúde pública. Diminui o custo de oportunidade do capital e viabiliza projetos de investimento que não saltaram a barreira dos altos juros.

Desvalorizações cambiais ainda mais fortes e ameaça de insolvência do Estado não são riscos desprezíveis, menos ainda diante de uma crise política séria que se desenrola, o que recomenda “gradualismo” a um BC que parece saudavelmente disposto a testar limites.

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