O mundo em crise. Bolsa em queda recorde. Dólar em alta estratosférica. PIBinho vexatório. Pânico pelo Coronavírus. E a tal manifestação pró-Bolsonaro convocada para domingo contra o Congresso e o STF.
Apesar da declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde e do impacto global catastrófico, Bolsonaro culpa a imprensa pela “fantasia” sobre a doença. Ele deve se achar imune ao Coronavírus, afinal lavou as mãos.
O mito dos tolos não pode seguir fazendo do mandato um picadeiro para as suas cafajestadas e sandices. Instituições e cidadãos democratas, republicanos, constitucionalistas, enfim, o estado de direito brasileiro precisa reagir.
Pessoalmente, ainda que discordemos, não temos nada contra quem votou, com boa-fé, em Jair Bolsonaro para a Presidência da República. Seja em repúdio aos governos anteriores, como forma de retaliação aos erros do PT, buscando uma opção mais à direita no espectro partidário ou até mesmo por acreditar realmente que ele pudesse representar algo de novo na política. Assim funciona a democracia.
Venceu a maioria, embora muitos de nós, do outro lado, julgasse que se tratava de uma opção equivocada, com um candidato despreparado, inepto e desqualificado. Mas ninguém é obrigado a pensar igual, nem ter acesso às mesmas informações sobre o histórico bolsonarista e todos os fatos desabonadores da sua trajetória política.
Da mesma maneira, não temos nada contra manifestações populares e pacíficas, sejam nas ruas, nas redes ou nas urnas, cobrando atitude, postura e coerência de políticos ou juízes. Ninguém é intocável e as liberdades de expressão e de pensamento são garantias constitucionais.
A população tem todo o direito de reclamar, reivindicar, cobrar, fiscalizar e criticar quem ela bem entender, em qualquer um dos três poderes, do Congresso Nacional ao Supremo Tribunal Federal. Cada servidor público do município, do estado ou do país, e também a imprensa. Tudo isso é legítimo.
Agora, sob outra perspectiva, só pode ser muito desinformada ou mal intencionada a pessoa que votou em Bolsonaro mas não admite nenhuma crítica nem enxerga nenhum problema nas suas ações e declarações. Quem não quer ver como a crise é agravada pela falta de postura e decoro do presidente. Os erros recorrentes de gestão, seja no trato da educação, da cultura, do meio ambiente ou da economia, na relação institucional com o Legislativo e o Judiciário, ou no dia-a-dia bélico e caótico deste governo.
Só não vê quem não quer. Bolsonaro prepara terreno para justificar uma intervenção golpista ao desacreditar as instituições republicanas e alimentar a paranoia de seus seguidores fanáticos e lunáticos contra o estado democrático de direito. Mas a barbárie não pode vencer a civilização.
Mauricio Huertas é jornalista, editor do blog #Suprapartidário , idealizador do #CâmaraMan e apresentador do #ProgramaDiferente