Eduardo Rocha ressalta luta milenar das mulheres por igualdade

Em texto (veja abaixo) dirigido a amigos e amigas de Guarulhos (SP), o economista Eduardo Rocha destaca a luta milenar das mulheres por igualdade.

“Para quem ama a humanidade, o Dia Internacional da Mulher é um dia especial”, afirma.

Estimados (as) amigos (as) guarulhenses de todos os Grupos

Estamos na véspera do Dia 8 de Março, Dia internacional da Mulher.

Creio que é um dia que as mentes mais conscientes refletem sobre o real significado histórico-político-civilizatório desta data.

A luta milenar das mulheres não se resume a essa data.

Essas guerreiras construíram outras datas heroicas, desde a Grécia antiga (Antígona), até os dias de hoje. Não cabe agora listar todas as lutas dessas mulheres, pois cansarei a todas e a todos.

Para quem ama a humanidade, o Dia Internacional da Mulher é um dia especial.

Falarei um pouco sobre a dura, triste e heroica origem do dia 8 de Março. Quem resistir ao texto, parabenizo-o (a) desde já!

Vamos lá.

A manhã e a tarde do dia 8 de março de 1857 não presentearam com flores, perfumes, bombons e serviços em salões de beleza ou quaisquer outros similares às mulheres que iniciaram, desde as 4 horas da manhã, mais um infernal dia de trabalho da fábrica têxtil de Nova Iorque, que submetia às suas operárias a extenuantes, draconianas e desumanas jornadas de trabalho de 16 e 17 horas de trabalho.

Além dessa bárbara jornada de trabalho, elas, as mulheres operárias, ganhavam apenas 30% do que ganhavam os homens. Hoje, no Brasil elas ganham em média 30% a menos. Passaram três séculos rapidamente de desigualdades, mas os percentuais rumo à igualdade andaram a passos de tartaruga.

Em 1857, portanto, em Nova York, parar a fábrica era sinônimo de crime social. Para aquelas valorosas mulheres, que foram todas queimadas vivas, fazer a greve, significava lutar para pôr fim ao sofrimento, à humilhação, à tristeza, à depressão, à manipulação, à prepotência, ao preconceito, à misoginia, ao assédio sexual e, ao mesmo, tempo, à exploração. Era mostrar ao mundo que a dignidade da humanidade começa pela dignidade da mulher – mãe da outra metade do planeta!

Elas, mulheres operárias, filhas do proletariado norte-americano, diante daquela tirania a que eram submetidas em sua condição de trabalho, fizeram greve naquele dia. Greve. Olhe só. Greve, de mulheres. Em 1857! Que ousadas!

Que dia! Que história! Que dor! Que lágrima! Que triste e curto presente e inspirador e eterno futuro! Que história. Mal sabiam essas mulheres, jovens e mães, que suas reivindicações atravessariam os séculos XIX, XX e XXI. Mas sabiam elas que seu sangue seriam a tinta verdadeira que escreveria as linhas eternas da história.

Elas não poderiam imaginar que aquele ato corajoso e revolucionário, impulsionado pelo coração e pela razão, pela dor e pelo amor, pelas lágrimas e pelo sorriso, pela fé e pela esperança, colocando o sonho derrotando e pesadelo, para transformar a sua triste, opressiva e revoltante realidade, entrariam, essas operárias nova-iorquinas, para história como uma das datas mais emblemáticas das lutas pela emancipação das mulheres – e porque não dizer, de todo o ser humano – em todo planeta.

A luta pela felicidade da mulher é a luta pela felicidade da humanidade. Foi o socialista francês François Marie Charles Fourier Besançon (1772-1837) quem disse “que o grau de emancipação da mulher numa sociedade é o barômetro natural pelo qual se mede a emancipação geral”.

As mulheres, queridos (as) amigos (as) de Guarulhos, estão em todas as partes da sociedade, mas, infelizmente, a igualdade não está nenhuma parte.

Aquelas heroicas e combativas mulheres de 1857 (muitas mães e outras solteiras, mas todas trabalhadoras honestas, exploradas) lutavam, com dignidade, pela redução de jornada de trabalho. Queriam salário igual com os homens com funções iguais. Queriam o fim do assédio sexual. Queriam higiene nos banheiros. Queriam respeito!

Sim, sei, alertaram-me amigos, que existem várias polêmicas sobre a origem do Dia Internacional da Mulher.

Eu, particularmente, acredito que 1857, foi determinante e decisivo para que Clara Zetkin, socialista alemã, em 26 de agosto de 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas propusesse o dia 8 de março como o dia a ser celebrado pela humanidade como o dia da mulher.

Esta conferência foi feita na Casa do Povo, em Copenhagen, Dinamarca.

O primeiro Dia Internacional da Mulher foi comemorado em 19 de março de 1911. Posteriormente, a comemoração passaria a ocorrer no dia 8 de março, sempre.

Era, a partir desta data, pôr fim a esta pré-história da humanidade bárbara de exploração do homem pelo homem e iniciar a jornada da civilização humana anunciando que a mulher quer a liberdade, a igualdade, a fraternidade, a paz, a democracia, a liberdade e o respeito individual, particular e universal.

Fizeram greve, aquelas mulheres ousadas da fábrica Nova Iorque. Foram todas queimadas vivas. Lutavam pelo justo, lutavam pelo certo, lutavam pela justiça, lutavam pela liberdade, lutavam pela dignidade humana. Lutavam por um mundo justo, igual e humano. Lutavam por si, mas, fundamentalmente, lutavam pela felicidade da humanidade.

E elas fizeram a greve. E os patrões – nobres senhores que nem liam Voltaire, Smith, Ricardo, Burke nem David Hume e nem sonhavam o sonho de George Washington, mas em vez de livro, tinham armas – inconformados pela ousadia dessas mulheres, fecharam todas as saídas da fábrica. Elas ficaram encarceradas. Não tinham por onde sair.

E os patrões botaram fogo na fábrica. A vida daquelas mulheres não significava nada para os patrões. Os tijolos, as máquinas, os fios, os tecidos, as instalações, sim. A propriedade de bens materiais valia mais que a vida huamana. A lição da morte para essas mulheres era o ABC, o recado daqueles patrões, contra quem ousasse lutar por direitos, até mesmo por um banheiro para as mulheres depois de 17 horas de trabalho.

A riqueza do futuro da humanidade estava na luta daquelas bravas, guerreiras, históricas e eternas mulheres. A pobreza, num monte de tijolos, que absorviam o odor das mulheres queimadas pelos senhores da civilização do capital, ficou ao lado daqueles pobres infelizes patrões.

Imagina, em 1857: ousar o poder do capital, masculino? Você é louca, mulher?

E elas, justas e puras, conscientes de si, lutadoras, defensoras da vida, construtoras da vida, mães, ousaram; essas heroicas mulheres ousaram; essas heroicas mulheres lutaram e essas heroicas mulheres morreram: queimadas pela razão do capital. O lucro valia mais que a vida.

As mortes das mulheres de 1857 de Nova Iorque não foram em vão. Elas dignificam não só as mulheres, mas toda a humanidade.

Pergunto a todos e a todas: o lucro vale mais que a vida?

Até hoje a humanidade rende homenagem àquelas mulheres. As chamas que a dizimaram são as chamas que se voltam contra seus algozes. São as chamas que inflam a luta pela igualdade da humanidade.

O 8 de Março rende homenagens não só a essas mulheres, mas a todas, em toda a história da humanidade, em todas as etapas da história da humanidade e em todas as partes do mundo, que lutaram e lutam por um mundo verdadeiro humano.

Foram queimadas, vivas, por isso.

Clara Zetkin, a espetacular socialista alemã, propôs, vale a pena relembrar neste texto, e foi aceito o Dia 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher.

Não adiante quere apagar nem reescrever a história.

E até hoje a humanidade democrática e progressista e humanista comemora para lembrar esta data.

Após anos de luta e manifestações, o Dia Internacional da Mulher foi oficializado pela Organização das Nações Unidas na década de 1970. Essa data simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens.

A consciência universalmente humana tem, de fato, o dever histórico de amar a humanidade e combater sentimentos e concepções bárbaras, retrógadas, machistas, misóginas, homofóbicas, xenofóbicas, racistas e, como se esse combo infernal não bastasse, além de tudo, propagam a famigerada e desumana intolerância religiosa.

Os que acreditam na ciência devem também ser respeitados. Fogueira, nunca mais! Por favor.

O Dia Internacional da Mulher é um dia de memória histórica das mais importantes na história da humanidade. É um dia para render homenagens ao passado glorioso das mulheres, mas é também o dia para começar novas jornadas rumo à alegria, à felicidade, ao bem estar de todos os seres viventes.

Um dia complexo não merece frases simples, por mais simpáticas e falsamente encantadoras que sejam.

Pode-se, sim, homenageá-las com tudo o que generosidade humanidade pode proporcionar, mas a homenagem maior é reconhecer o papel histórico de todas as mulheres e em todas as épocas históricas em prol de uma humanidade verdadeiramente humana e feliz.

Era o que eu tinha a dizer

Parabéns, mulheres.

Feliz dia 8 de Março – Dia Internacional das Mulheres.

Abs

Eduardo Rocha

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