Coronavírus: Alessandro Vieira e deputados sugerem ampliar transferência direta de renda

Para os parlamentares, as medidas podem ajudar a evitar que a recessão se transforme em depressão econômica (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados federais Tabata Amaral (PDT-SP) e Felipe Rigoni (PSB-ES) enviaram carta ao presidente da República, Jair Bolsonaro, sugerindo uma série de medidas anticíclicas de transferência direta de renda, como forma de combater a crise decorrente da pandemia do coronavírus. Os parlamentares integram o grupo que propôs a Agenda para o Desenvolvimento Social.

“É necessário garantir o mínimo, especialmente para aqueles que mais precisam. Tais medidas, além de fornecerem recursos suficientes para compra de alimentos e outros itens de sobrevivência, serão uma injeção direta no consumo, impactando positivamente o PIB [Produto Interno Bruto]”, argumentam.

Para eles, as medidas podem ajudar a evitar que a recessão se transforme em depressão econômica.

A carta foi enviada também aos ministros da Economia, Paulo Guedes; da Cidadania, Onyx Lorenzoni; e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Voucher de R$ 300

Reconhecendo as “medidas importantes” já tomadas pelo governo, o grupo pede a ampliação do benefício extraordinário anunciado para o trabalhador informal (voucher de até R$ 200 por três meses). Eles propõem um voucher de até R$ 300 durante quatro meses (prorrogáveis, caso a emergência persista) para as cerca de 18 milhões de famílias que não recebem Bolsa Família ou o BPC (Benefício de Prestação Continuada).

O valor seria sacado na Caixa Econômica Federal, em lotéricas e nos Correios. O impacto estimado sobre o Orçamento, de acordo com o grupo, é de aproximadamente R$ 21,6 bilhões.

Benefício extra

Além disso, eles sugerem a criação do chamado Benefício Extraordinário Universal, no valor de R$ 500 por família, que seria concedido para quem está no Cadastro Único do governo e não tiver optado por receber o benefício extraordinário para o trabalhador informal, o voucher.

O valor do Benefício Extraordinário Universal seria recebido durante quatro meses.

Além de integrantes do Cadastro Único, o novo benefício abrangeria também outras pessoas de baixa renda, com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo.

A previsão é que o benefício abrangeria aproximadamente 9 milhões de famílias, com impacto de R$ 34,12 bilhões.

Linhas de crédito

O grupo propõe ainda a criação de linha de crédito subsidiada para microempreendedores individuais e microempresas cadastrados na primeira e na segunda faixa do Simples Nacional, ou seja, com faturamento anual de até R$ 360 mil.

O alcance estimado é de 9,8 milhões de microempreendedores individuais e 6,6 milhões de microempresas. A ideia é conceder, por meio de bancos públicos, linhas de crédito de capital de giro, com carência de no mínimo quatro meses para o pagamento da primeira parcela — e com juros a fundo perdido nos primeiros quatro meses de carência.

Recursos

Na visão do grupo, as ações mais emergenciais devem ser tomadas com a utilização, por parte do Poder Executivo, do montante de recursos cuja execução encontra-se atualmente engessada na forma de emendas de relator.

“Esse movimento já foi realizado em parte pela destinação de R$ 5 bilhões para o enfrentamento [da pandemia] do coronavírus, conforme a MP 924/20”, destacam. “Fomos favoráveis à manutenção do Veto 52, que permitiu a manutenção desse recurso para uso discricionário do Executivo, e acreditamos que este momento justifique sua total utilização para mitigação dos efeitos da covid-19”, complementam.

Para esses parlamentares, ainda que o Congresso Nacional possa e deva discutir tais medidas, “o Poder Executivo dispõe de instrumentos mais adequados para agir rapidamente neste momento de crise, como medidas provisórias”.

Álcool em gel

O grupo também propõe diminuir temporariamente os requisitos exigidos para a concessão de licença para a produção de álcool gel e similares.

“Trata-se de medida simples e com imediata produção de efeitos positivos para a população de todo o país, evitando-se o desabastecimento e o aumento desarrazoado dos valores cobrados durante a pandemia”, afirmam.

Eles sugerem que isso seja feito por meio de resolução, portaria ou instrumento semelhante emitido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), dispensando temporariamente requisitos que não influem direta e substancialmente na segurança dos produtos. (Agência Câmara de Notícias)

Leia também

Historiador analisa trajetória dos partidos em 40 anos de democracia

Os partidos políticos, organismos centrais da vida democrática, são incapazes de se abrirem para a dinâmica de transformações que ocorrem na vida social e econômica.

Presidente estadual do Cidadania reúne vereadores baianos em Salvador

Encontro também teve participação remota do presidente nacional da...

Em Carapebus/RJ, prefeitura oferece cadeira anfíbia para promover inclusão

Com a iniciativa, pessoas com mobilidade reduzida podem tomar...

A antecipação do bipartidarismo

O governador Rafael Fonteles e o senador Ciro Nogueira...

Informativo

Receba as notícias do Cidadania no seu celular!