Milhares de pessoas já devem ter assistido este belíssimo filme Dois Papas, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, o longa-metragem retratado da imaginação do roteirista sobre como seria uma longa conversa entre duas pessoas completamente opostas, mas que compartilham a mesma fé, traz o ator Jonathan Pryce, que vive Jorge Mario Bergoglio, enquanto que Bento XVI, é interpretado pelo colega Anthony Hopkins, que concorre ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por este papel.
Anthony Hopkins que dentre suas inúmeras características e peculiaridades, apresenta o Transtorno do Espectro Autista (TEA), e só foi diagnosticado tardiamente com a Síndrome de Asperger. De acordo com o site “Mundo Autista” o diagnóstico do autismo somente na fase adulta ou mesmo a falta dele por toda a vida é uma realidade presente na vida de muitas pessoas. Afinal, os casos mais leves, conhecidos como Síndrome de Asperger antes de sua integração ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), só entraram para os manuais médicos CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) e DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) em 1994, quando Hopkins tinha 57 anos de idade.
O caso de Hopkins acende nossa luz sobre os autistas idosos, sobre os quais a informação é quase nula, por isso, além deste relevante motivo, e outros apresentados pela comunidade autista, que aqui no Brasil, a partir deste ano, o Censo Demográfico do IBGE terá que obrigatoriamente incluir perguntas sobre o autismo no Brasil, é o que garante a Lei 13.861/19, cuja proposta legislativa foi de minha autoria, com participação das mais diversas entidades da sociedade civil organizada. Assim, podemos ter no Brasil políticas públicas baseadas em estratégias e proporcionais as estatísticas reveladas pelo Censo.
Outra conquista foi o surgimento da Lei 13.977/20, que institui a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), proposta legislativa de autoria da deputada Rejane Dias. Foi batizada com o nome “Romeo Mion”, que é filho do apresentador de televisão Marcos Mion e tem transtorno do espectro autista.
Grandes conquistas é verdade, mas precisamos continuamente aprimorar as políticas públicas e avançarmos na própria conscientização das famílias brasileiras da importância de diagnosticarmos ainda precocemente o Transtorno do Espectro Autista (TEA), oportunidade que o aclamado ator Anthony Hopkins só teve agora na terceira idade, mas que o Brasil vai estabelecer um marco para estes milhões de brasileiros que certamente terão oportunidade de serem identificados!
Deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania/SC), presidente da Frente Parlamentar Mista da Saúde