Faz tempo que dizemos por aqui: Lula e Bolsonaro são os dois lados da mesma moeda da velha política.
Tem gente que ainda dá valor, mas parece algo cada vez mais restrito às milícias virtuais e aos círculos de fanáticos e lunáticos que os seguem e idolatram.
Fetiche de colecionadores de velharias e fake news.
Hoje um editorial da Folha de S. Paulo, que reproduzimos abaixo, mostra como Lula e Bolsonaro se aproximam nos ataques à imprensa, na criação de bolhas ideológicas e na aversão à transparência e à verdade.
Da mesma forma, lulistas e bolsonaristas são idênticos na cegueira apaixonada e na adoração por seus gurus falastrões, que vivenciam suas realidades paralelas, absurdas e polarizadas (até quando?).
Lula sincerão
Em entrevista, ex-mandatário petista revela também o que o aproxima de Bolsonaro
Governantes não gostam de imprensa livre. Ter a administração constantemente exposta a reportagens que iluminam aspectos inconvenientes ao grupo no poder não é algo que lhes dê prazer. É um fator de incômodo que, nas democracias, são obrigados a tolerar.
Luiz Inácio Lula da Silva não foi exceção à regra enquanto ocupou o Palácio do Planalto. Restringiu entrevistas coletivas, deu preferência, inclusive financeira, ao espectro de veículos chapa-branca em torno do petismo e flertou com dispositivos para controlar a mídia.
O curioso foi ter embarcado agora, na oposição, numa espécie de flashback aos tempos em que chefiava o Executivo. Em entrevista ao UOL, endossou parte da ofensiva que o presidente Jair Bolsonaro tem capitaneado contra a imprensa.
Lula não apenas deu razão ao atual mandatário como agiu à maneira dele ao atropelar os fatos e acusar a TV Globo de não ter dado cobertura às mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil que questionam a parcialidade da Lava Jato.
Trata-se de erro crasso de informação, pois a emissora veiculou reportagens sobre o tema. Também ao contrário do que disse Lula, a Globo noticiou a denúncia estapafúrdia de um procurador contra o fundador do site, GlennGreenwald —acusação ofensiva ao exercício do jornalismo que deveria ser de pronto rejeitada pelo Judiciário.
A verborragia fora de órbita e de lugar histórico do ex-presidente prosseguiu com comparações entre a atitude da emissora e o nazismo e com mais elogios a Bolsonaro por supostamente estar, com o emprego das redes sociais, “provando que é possível fazer notícia sem precisar dos jornais”.
“Fazer notícia”, nas palavras confusas de Lula, equivale a transmitir a visão adocicada e autoindulgente do situacionismo sobre a realidade sem o crivo crítico do jornalismo profissional. Não difere da propaganda, mas é o sonho acalentado por todo governante, de falar sem ser contraditado.
A sensação que fica é a de que Lula gostaria de voltar ao cargo e valer-se de ferramentas de comunicação direta, ataque e boicote à imprensa desenvolvidas por Bolsonaro. A intenção de alvejar uma rede de TV também é compartilhada.
Num rompante de sinceridade, o principal líder da oposição revela não apenas o que o distancia, mas também o que o aproxima do atual presidente. Lula sincerão, para usar a gíria dos jovens, não deixa de esclarecer o debate público.
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