A imprensa vem destacando (merecidamente, aliás) a abertura do #Cidadania23 para os movimentos cívicos – enquanto outros partidos à esquerda e à direita, como o PDT e o NOVO, por outro lado, decidiram vedar expressamente essa aproximação.
Justiça seja feita, ainda que desperte só agora a atenção do grande público, não chega a ser novidade a busca dessa nova formatação política que surge do diálogo do ex-PPS com jovens lideranças de organizações como o Agora!, o Livres, o Acredito, a RAPS e o RenovaBR, entre outros.
Muito antes das manifestações de 2013, às quais se atribui grande parte da inspiração para essas mudanças cobradas pela sociedade dos agentes políticos e que estão transformando de modo irreversível os nossos partidos e as próprias instituições democráticas, o então PPS já sinalizava para a necessidade deste “aggiornamento” (ou uma atualização disruptiva do sistema).
Há 10 anos surgia, por exemplo, o conceito da #REDE23, iniciativa do Blog do PPS que seria incorporada oficialmente pelo partido no seu Congresso de 2011. E que dizia basicamente o seguinte:
“Na democracia contemporânea os partidos não se bastam. Dependem, para fazer política, do estabelecimento e manutenção de redes de relações com movimentos, instituições, grupos na internet e até com personalidades influentes nos temas que trabalham.
O partido não pode manter mais a posição de vanguarda da época da circulação restrita da informação e deve assumir a postura de interlocutor dos movimentos, co-formulador de suas reivindicações à luz de suas diretrizes mais gerais e seu tradutor na linguagem das leis e das políticas públicas.
Para tanto, surge a #REDE23, um movimento de discussão e mobilização em torno de objetivos comuns, que abrange outras siglas partidárias, entidades, organizações, sindicatos, associações, cidadãos interessados e grupos organizados na internet.
Os conceitos de #REDE e da #NovaPolítica não são exclusividade de uma só legenda, uma única liderança ou um grupo restrito. É uma iniciativa que reúne gente de bem, de dentro e de fora dos partidos!”
Faz todo o sentido, portanto, quando o veteraníssimo presidente nacional do Cidadania, o ex-senador e ex-deputado federal Roberto Freire, afirma que não há de se falar em “velha” ou “nova” política, mas sim de “boa” ou “má”.
Afinal, é justamente este partido, o #Cidadania23 (com a sua origem quase centenária, como herdeiro do PCB, fundado em 1922, e refundado como PPS, em 1992), que se mostra mais aberto e disposto para formatar esse novo jeito de ver e fazer política.
Diga-se de passagem, outras inovações recentes, como os atuais mandatos coletivos e até mesmo as campanhas com custo reduzido, através da divulgação espontânea pelas redes sociais, também foram propostas apresentadas pelo PPS há mais de doze anos.
Veja que na campanha para as eleições municipais de 2008, essas ideias já estavam todas reunidas no projeto do “vereador virtual“, que chegou a ser encampado formalmente pelo então candidato a vereador do PPS Heraldo Correa (foto).
Ou seja, ainda na era pré-Facebook, pré-WhatsApp e mais de dez anos antes de se tornar realidade, com as deputadas e deputados que foram eleitos em 2018 pelo conceito das candidaturas coletivas e das bancadas ativistas, o PPS já vislumbrava o que viria pela frente.
É ou não é uma política diferenciada e voltada para o futuro? Pois então, parabéns aos envolvidos e sucesso ao #Cidadania23.
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