Jornal “O Fluminense” destaca trajetória de Sebastião Rodrigues Paixão

Morre Sebastião Paixão, liderança política niteroiense

Líder comunista, que faleceu aos 81 anos, foi preso e torturado durante o período de ditadura militar no Brasil

O Fluminense

A política niteroiense se despede de um de seus grandes nomes. Faleceu, no último domingo (8), Sebastião Paixão, uma das lideranças políticas mais emblemáticas da cidade, aos 81 anos.

Membro e líder do Partido Comunista do Brasil (PCB), Paixão foi preso e torturado nos presídios da Frei Caneca e de Bangu, durante período da ditadura militar. Enquanto seu julgamento era conduzido, sendo ele defendido por Luiz Werneck Viana, premiado advogado e cientista social brasileiro, fugiu de seu cárcere.

Foi se entregar apenas na embaixada do Chile e, de lá, partiu para exílio na Bolívia, seguindo posteriormente para a Alemanha. Segundo colegas próximos, Paixão, no entanto, não suportou a solidão alemã e retornou ao Brasil, onde viveu clandestinamente até ser anistiado.

Retornando a política, Paixão foi o articulador da candidatura vitoriosa de Saturnino Braga ao Senado Federal, pela primeira vez, na década de 1970. Também foi presidente do Instituto Estadual de Terras durante o governo Marcello Alencar. Tinha orgulho de ter feito, na época, um assentamento de quilombolas no município de Silva Jardim.

Paixão também conduziu a passagem do PCB para o Partido Popular Socialista (PPS), sendo posteriormente presidente do diretório do partido em Niterói.

Vinícius Martins, assessor político e amigo pessoal de Paixão, se recorda de uma história quando ele, preso, recebeu a visita de Dom Eugênio Salles, Cardeal do Rio de Janeiro.

“Paixão me contou uma bonita passagem. Preso em Bangu, o comunista e ateu recebeu a visita de Dom Eugênio Salles, que ouviu de sua voz as torturas e privações que estava vivendo. Presenteou o Cardeal com uma talha que confeccionava na prisão. Dom Eugênio, no silêncio que lhe era peculiar, enviou carta à Anistia Internacional com os relatos de tortura e guardou o presente em seu escritório do trabalho. Anos depois, Paixão visitou o Cardeal do Rio e sua talha enfeitava a sua mesa de trabalho”, conta Martins.

Lamento

O deputado estadual niteroiense Paulo Bagueira (SDD) lamentou em plenário, nesta segunda-feira (9), na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), a morte de Paixão. Saudoso, o parlamentar solicitou à Mesa Diretora da Casa para constar em ata seu falecimento.

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