Brasil não conseguiu transformar criatividade em produto, diz pesquisador do Ipea

Para produzir economia criativa, segundo Mauro Oddo, é preciso de um ambiente de cooperação e compartilhamento, disse em seminário promovido pela FAP e Cidadania (Foto: FAP)

O Brasil ainda não conseguiu transformar criatividade em produto, na avaliação do pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Mauro Oddo. Em palestra na última sexta-feira (25) sobre economia criativa, durante o seminário “Cidades Inteligentes: o uso da economia criativa e do turismo como ferramentas do desenvolvimento”, em Brasília.

“O maior exemplo de economia criativa no Brasil é o Carnaval”, afirmou Oddo.

Direcionado a possíveis pré-candidatos a prefeitos, o evento foi realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira) e pelo Cidadania, ao qual é vinculada.

O pesquisador do Ipea apresentou conceito de Andrea Matarazzo, segundo a qual “o que move a economia criativa é a inovação como matéria prima, portanto, o processo de criação é tão importante quanto o produto final, ou seja, uma cadeia produtiva baseada no conhecimento e capaz de produzir riqueza, gerar empregos e distribuir renda”.

Segundo o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, em 2017, a economia criativa no País envolvia 245 mil estabelecimentos e 837,2 mil trabalhadores. O levantamento foi feito pela Firjan e pelo Senai. Em 2015, segundo o Ipea, a atividade representava 2,75 milhões de trabalhadores, o que correspondia a 3% da população ocupada. Por outro lado, equivalia a 6% da massa salarial.

Para produzir economia criativa, segundo Oddo, é preciso de um ambiente de cooperação e compartilhamento.

“O uso econômico desse conhecimento é um privilégio do criador dele por meio dos instrumentos de sua proteção desse conhecimento, como patente”, afirma.

“Existe um debate se a propriedade estimula ou inibe a economia criativa”, acrescenta ele, que também é administrador e engenheiro.

No Brasil, o maior exemplo de economia criativa é o Carnaval, já que, de acordo com o pesquisador, no caso do Rio de Janeiro, envolve diversas relações de cooperação e voluntariado em escola de samba para o carnaval acontecer.

“Tem desde a multinacional, absolutamente formal, ao trabalho sem carteira assinada e voluntário. Isso tudo produz desfile de escola de samba das escolas do Rio de Janeiro. Isso é a ideia de economia criativa brasileira e a gente tem de refletir sobre ela”, afirma Oddo, pontuando a característica de semiformalidade da festa.

A doutora da Rede Nacional da Economia Criativa, Claudia Leitão, ex-secretária de Cultura do Ceará e que fez os contrapontos da mesa de debate do seminário da FAP, diz que a economia criativa ainda não existe no Brasil.

“A ideia da economia criativa pode ser muito interessante para a gente qualificar o desenvolvimento brasileiro”, destacou ela.

“A gente precisa parar para pensar em modelos de desenvolvimento. A gente tem que pensar em qual modelo de desenvolvimento gostaríamos de construir para as nossas cidades”, afirmou Cláudia.

“Nesse momento, a indústria tradicional está produzindo pouco e menos riqueza. A gente precisa ensinar para o novo”, sugeriu.

Segundo a especialista, é preciso pensar cada vez mais as cidades. Ela afirmou que as cidades não estão mais preocupadas com os Estados e a União.

“Em tempos difíceis, as cidades ganham uma estatura cada vez maior [para fazer parceiras], inclusive lá fora. É importante pensar as cidades com autonomia e que o federalismo dá. A economia criativa pode ser tratada como insumo muito interessante entre cidades do mundo todo”, avalia.

O deputado federal Marcelo Calero (Cidadania-RJ) fez os comentários da mesa e diz que a população está ansiosa por ter posicionamento justamente nesse sentido da economia criativa.O sociólogo e professor Elimar Nascimento fez a mediação da mesa. (Assessoria FAP)

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