Bernardo Mello Franco: Bolsonaro troca a Lei de Gerson pela Lei de Jair

Jair Bolsonaro foi ao Japão para assistir à entronização do imperador. Naruhito assume o lugar de Akihito, que abdicou em abril. Por aqui, o presidente parece tratar os filhos como príncipes regentes.

Em guerra com meio PSL, Jair indicou Eduardo como novo líder do partido. O Zero Três derrubou Delegado Waldir, que se sentiu traído e promete vingança. O deputado goiano também integra a bancada da bala, mas não tem o sobrenome do capitão.

A escolha do herdeiro agravou ressentimentos com o clã presidencial. O senador Major Olímpio, bolsonarista de carteirinha, já disse que os filhos do presidente têm “mania de príncipe”. “Ainda não reconheço no país uma monarquia, uma dinastia”, ironizou.

Ontem a deputada Joice Hasselmann pegou mais pesado: “Esses moleques precisam de camisa de força. São um risco para o Brasil e para o mandato do presidente”. Até a semana passada, ela pontificava como líder do governo no Congresso. Agora bate boca com Eduardo e Carluxo, chefe das milícias virtuais do pai.

Os filhos de Bolsonaro se tornaram o principal fator de instabilidade da República. Os rolos de Flávio, o Zero Um, já levaram Jair a interferir na Polícia Federal, na Receita e no Coaf. Os rompantes de Carluxo, o Zero Dois, provocaram a demissão de dois ministros e impuseram uma mordaça ao vice-presidente.

Os sonhos de Eduardo têm atrasado a pauta do Senado, que resiste a aprovar sua promoção a embaixador. Agora a indicação a líder ameaça criar novos problemas na Câmara. Desta vez, o presidente não poderá decapitar os insatisfeitos. Eles também foram eleitos para mandatos de quatro anos.

O deputado Júnior Bozzella, ligado à cúpula do PSL, diz que a proteção ao clã presidencial “ultrapassou todos os limites”. “É uma arbitrariedade depois da outra, sempre para favorecer a família. Temos que salvar o Brasil dos filhos do presidente”, afirma.

Em 1976, o país foi apresentado à Lei de Gerson: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo?”. Em 2019, passou a vigorar a Lei de Jair: “Se eu puder dar filé mignon pro meu filho, eu dou”. (O Globo – 22/10/2019)

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