Para uma geração inteira de diplomatas brasileiros, a ONU (Organização das Nações Unidas), apesar de suas deficiências, é o mais avançado instrumento mundial para promover e salvar a concórdia e a paz entre os Estados. A avaliação é do embaixador aposentado Ronaldo Sandenberg, em artigo publicado na oitava edição da revista Política Democrática online (veja aqui), produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), vinculada ao Cidadania.
Sandenberg chefiou as embaixadas em Moscou e Madri e, por duas vezes, a missão do Brasil junto às Nações Unidas. Ele presidiu o Conselho de Segurança da ONU, onde representou o Brasil em duas ocasiões. No governo de Fernando Henrique Cardoso, assumiu a chefia da Secretaria de Assuntos Estratégicos e foi, também, ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação. Além disso, presidiu, por dois mandatos seguidos a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
“Nossa era é a de conflitos ‘localizados’, intervencionismo militar, fracassos no campo das negociações sobre armas nucleares e químicas, bem como de instabilidade econômica, migrações em massa, destruição do meio ambiente e perduração da crise social em grande parte do planeta”, escreve, em um trecho.
De acordo com o embaixador aposentado, pode-se sugerir que a ONU seja um caso muito especial, o de um “organismo vivo” que reage às mutações da cena internacional.
“Havendo a Carta da ONU fixado o sentido e os próprios limites do sistema internacional, seria lícito esperar que, ao findar a Guerra Fria, a organização houvesse passado a servir de base e inspiração para o aperfeiçoamento da estrutura das relações internacionais, o que, na prática, não ocorreu”, observa ele.
A diplomacia hoje mudou, segundo o autor, por interessar aos mais variados setores do governo, da sociedade e da economia.
“Sem exagero, a diplomacia compõe a primeira linha de defesa externa do País, num mundo em mutação, e pode, por seu turno, promover os avanços internacionais. Salvo em certos recantos, não mais está em moda a utilização de meios militares para solucionar as crises. A cena internacional se baseia numa sólida tendência que privilegia as soluções negociadas.” (Assessoria FAP/Cleomar Almeida)