Paula Belmonte questiona ex-presidente do BNDES em CPI

Em oitiva realizada pela CPI do BNDES na Câmara, a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) perguntou ao ex-presidente da instituição Demian Fiocca por que uma resolução elevou o percentual do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) que pode ser usado para empréstimos. Antes de 2003, primeiro ano do governo Lula, somente 20% dessa reserva podia ser utilizada com esse propósito. Com a mudança, o percentual foi à metade do total. Como em vários momentos do depoimento, Demian disse que não sabia.

Outro questionamento da parlamentar foi sobre a mudança nos critérios de risco do banco a partir do início da gestão petista. Em países como Venezuela e Cuba, o perigo de calote, que era de sete pontos, caiu repentinamente para um. Hoje, os dois países estão inadimplentes com o Brasil, que financiou a construção do porto de Mariel e o metrô de Caracas.

“Eu precisava consultar um documento para verificar”, respondeu o depoente à deputada.

Quando Paula Belmonte quis saber por que emprestar dinheiro para investimento em infraestrutura em outros países, quando o Brasil é tão carente dela, Fiacca respondeu que não falta dinheiro ao banco.

“Não falta dinheiro. O banco financiou tudo o que ele poderia financiar”, disse. É preciso ter alguém que banque a obra, assuma a dívida, acrescentou.

Segundo Fiacca, o BNDES não disponibiliza recursos para outros países, somente para empresas. Mesmo assim, o banco não arca com todo o investimento, afirmou à deputada. Na carteira de crédito da instituição, 78% dos clientes são grandes companhias, mas Fiacca fez questão de frisar que não é o banco que as escolhe. São elas que o procuram.

Fiacca foi convidado a ocupar uma vaga de secretário de assuntos internacionais do banco após receber um convite do então presidente da entidade, Guido Mantega, preso na 34ª fase da Operação Lava Jato. Segundo a delação do empresário Joesley Batista, o ex-ministro da Fazenda recebeu, apenas em uma operação, R$ 5 milhões. Fiacca presidiu o BNDES de 2006 a 2007.

O depoente ouviu perguntas sobre “viés ideológico” na concessão de empréstimos para determinados países. Só na construção do porto de Mariel, em Cuba, foram empenhados US$ 682 milhões.

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