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Mourão, o problema é Bolsonaro

Em artigo publicado nesta quarta-feira (3), intitulado “Opinião e princípios”, o vice-presidente Hamilton Mourão criminaliza as manifestações de rua contrárias ao governo Bolsonaro, ocorridas no fim de semana, chamando os participantes de baderneiros e delinquentes por danos causados a pessoas e ao patrimônio público e privado decorrentes dos confrontos.

O comportamento dos manifestantes, entretanto, não foi o alvo preferencial do artigo, que os categoriza como caso de polícia e não de política. No texto, o vice-presidente rechaça especialmente o comportamento de lideranças políticas e setores de imprensa que, segundo ele, estariam fazendo uso político das mobilizações para atingir o governo federal, dando a elas um verniz democrático e uma postura legítima a seus participantes, o que seria ainda mais grave, pelas responsabilidades institucionais que esses atores possuem.

Apesar de pregar na superfície a prática do diálogo e da tolerância, Mourão parece adotar uma leitura míope e unilateral dos acontecimentos sociais ao, por um lado, criticar os excessos de manifestações contra o governo e, por outro, se silenciar diante de atos antidemocráticos, pedindo intervenção militar, e de ataques a instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. Ele nada falou sobre manifestação na Avenida Paulista pró-governo que se utilizou de bandeira associada a um partido da extrema-direita da Ucrânia.

Nesse ponto, pesa uma grande incoerência em seu raciocínio: se ele acha que as manifestações no Brasil importaram, inadequadamente, o ódio racial dos protestos nos Estados Unidos pela morte de um desempregado negro vitima de ação policial covarde, por que não rechaçar a importação de ideias ultraconservadoras da extrema-direita internacional?

Dentro desse discurso de blindagem de instituições, também é difícil de entender por que não condenar as declarações autoritárias do presidente, reduzindo-as a exageros retóricos impensados?

O vice-presidente perdeu grande oportunidade de jogar luz sobre o debate do racismo estrutural asfixiado no Brasil durante séculos, minimizando sua existência, uma postura tão obscurantista e negacionista quanto os discursos terraplanistas de integrantes do seu governo.

Em um artigo denso como o de hoje, nenhuma linha foi dedicada à morte do jovem João Pedro, de 14 anos, dentre tantos outros, vítima de erro policial na Comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, no Rio.

Dessa forma, Mourão não abre portas para o diálogo, com parcela importante da população, ele as fecha, joga para debaixo do tapete nossos conflitos raciais, e não avança no esforço de pacificar o país, o que se espera de um estadista. Dando causa externa ao ódio racista, seu argumento apenas disfarça o problema, não o resolve.

Roberto Freire, ex-senador, ex-deputado federal, atual presidente nacional do Cidadania

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