Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (10/09/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Isolado, Bolsonaro procura Temer e anuncia recuo; STF é cético
Reunião com presidente não encerra protesto
Agronegócio e transportadoras: crítica a bloqueio de estradas
Os rastros deixados por bolsonarista foragido e descuidado
Inflação acumulada já é de quase 10%
‘Nos envergonha perante o mundo’, reage Barroso
Pacote mexe com aposentadoria e benefícios no Rio
Relator Fachin vota contra marco temporal
Câmara aprova Código Eleitoral com retrocessos
Volta às aulas traz alta de casos entre crianças
Biden torna obrigatória a vacinação para servidores federais e terceirizados

O Estado de S. Paulo

Sob cerco político e econômico, Bolsonaro recua e elogia Moraes
Bolsa sobe, dólar recua
Mercado vê juro a 9% após novo avanço da inflação
‘Fracasso econômico, social e moral’
Caminhoneiros mantêm paralisação
Heron do Carmo – ‘Com pouco crescimento, estamos em estagflação
Empresas se antecipam e fazem captações
Novo Código Eleitoral debelita Ficha Limpa
Racionamento de água no Estado de SP afeta 1,3 milhão
Geração pós 11/09 critica Guerra ao Terror

Folha de S. Paulo

Sob pressão, Bolsonaro tenta minimizar ameaças ao STF
Inflação sobe com gasolina e encosta em dois dígitos
Taxa de desemprego entre mais pobres é de 36%, indica estudo
Barroso reage e chama presidente de ‘farsante’
Câmara aprova proposta de censura a pesquisa
Líder dos caminhoneiros é o presidente, afirma Jungmann
Cenário logo será de euforia, diz José Márcio Camargo
Postos em SP ficam sem AstraZeneca para segunda dose
UBSs paulistanas pedem aval do marido para DIU
Estratégias contra golpe com Piz incluem 2º celular

Valor Econômico

Sob pressão, Bolsonaro recua e mercado melhora humor
Barroso afirma que presidente causa vergonha
IPCA é o maior para agosto em 21 anos
“Tempestade perfeita” atinge eletroeletrônicos
Caminhoneiros se dividem e estradas são liberadas
Yduqs entra na disputa por Ceub
Remessas

EDITORIAIS

O Globo

O efeito desastroso de Bolsonaro na economia brasileira

Como se não bastasse, o governo Bolsonaro dá de ombros para a crise hídrica e a ameaça à geração de energia, essencial ao crescimento

A reação dos empresários às manifestações do 7 de Setembro são o sinal mais contundente do efeito desastroso do governo Jair Bolsonaro na economia brasileira. Reportagem do GLOBO revelou a angústia de líderes dos setores automotivo, aéreo, químico, têxtil, varejista e turístico. Não se trata da chiadeira de investidores especulativos do mercado financeiro. A amostra traduz o sentimento de quem aposta seu capital na economia real — quem produz, gera emprego e riqueza no país.

O cenário é tétrico. Descontrole do dólar. Inflação recorde beirando os 10% nos últimos 12 meses. Disparada no preço dos combustíveis provocando revolta entre caminhoneiros. Novas variantes mostrando que a pandemia não dá sinal de trégua e adiando todo plano de investimento e a recuperação da atividade. E o mais importante: o desgoverno paralisando a política e emperrando todas as iniciativas do Parlamento, do Orçamento de 2022 à agenda de reformas e privatizações.

Depende do Congresso a solução para o buraco orçamentário aberto pela previsão de R$ 90 bilhões em dívidas judiciais a pagar em 2022 e pelo desejo do governo de criar um novo programa social com fins eleitoreiros, o Auxílio Brasil, ao custo de R$ 60 bilhões. Duas tentativas de parcelar o pagamento das dívidas — resposta absurda, que equivaleria a um calote — foram ensaiadas: uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e a negociação capitaneada pelo presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ministro Luiz Fux. Mesmo que Bolsonaro tenha ontem tentado aliviar o clima de conflagração emitindo uma nota, continua difícil alguma dessas iniciativas prosperar.

Depende ainda do Congresso a aprovação das leis para permitir a privatização dos Correios e para estabelecer o novo marco regulatório capaz de destravar investimentos no setor ferroviário, tornando o transporte menos sujeito às rodovias e aos caminhoneiros. Dependem do Congresso, por fim, as reformas tributária e administrativa, que a inépcia do Executivo tratou de transformar em projetos descabidos ou, na melhor hipótese, tímidos diante do que o país precisa, merece e exige. Nada disso, rigorosamente nada, terá prioridade no curto prazo.

Como se não bastasse, o governo Bolsonaro dá de ombros para a crise hídrica e a ameaça à geração de energia, essencial ao crescimento. Também difunde a imagem do Brasil como uma espécie de piromaníaco a devastar a Amazônia — e não sem motivo. A consequência é sentida nas restrições crescentes às exportações do agronegócio e na estagnação de negociações comerciais. O Brasil também tem sido incapaz de formular e pôr em marcha uma estratégia coerente para a economia de baixas emissões, força do século XXI.

Diante de tanta incompetência, é natural o desespero e a reticência dos empresários. Para a economia avançar, Executivo e Legislativo precisariam ter a disposição e a energia necessárias para se dedicar à tarefa. Dá para acreditar na trégua no golpismo de Bolsonaro? As crises sucessivas que desencadeia ao menos têm despertado representantes do setor produtivo que apostaram nele como vetor de um projeto de modernização econômica. Muitos se dão conta agora do tamanho do equívoco que cometeram, de que nada se faz na economia sem instituições políticas sólidas e de que é, portanto, da preservação da democracia que o país precisa cuidar em primeiro lugar.

O Estado de S. Paulo

A inflação em super V

Em vez da recuperação em V prometida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, os brasileiros estão vivendo uma inflação em super V

Em vez da recuperação em V prometida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, os brasileiros estão vivendo uma inflação em super V, complemento sinistro de um desemprego muito acima dos padrões observados no mundo capitalista. Logo depois do choque inicial da pandemia, as famílias trataram de se isolar, o consumo despencou e os preços caíram. Em maio do ano passado a inflação mensal foi negativa (-0,38%) e a acumulada em 12 meses chegou a 1,88%, a menor taxa num período anual desde janeiro de 1999 (1,65%). A inversão foi rápida. Com a alta de 0,87% em agosto, a maior para o mês desde o ano 2000, os preços no varejo subiram 9,68% em 12 meses, numa reprodução, embora imperfeita, do final do período da presidente Dilma Rousseff. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Com o jogo perdido em 2021, resta ao Banco Central (BC) tentar conduzir a inflação do próximo ano à meta de 3,50% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Nem esse número é hoje levado a sério pelos economistas do setor financeiro e das principais consultorias. Em 2022 o IPCA deverá subir 3,98%, segundo a mediana das projeções captadas na pesquisa Focus divulgada na última segunda-feira. Para este ano a estimativa já bateu em 7,58%, um número muito acima da meta oficial (3,75%) e do limite superior de tolerância (5,25%). Mas ainda é possível, pelo menos em tese, evitar esse desastre.

O compromisso de conter a alta de preços no próximo ano foi reafirmado na quarta-feira pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. O BC, disse ele, tem autonomia e usará seus instrumentos com independência para defender o poder de compra do real. Poderia ter acrescentado: para proteger, tanto quanto possível, o poder de consumo já muito reduzido da maior parte das famílias, acuadas pelo desemprego, pelo dinheiro curto e por uma inflação muito alta acumulada neste ano e ao longo de 12 meses.

É preciso levar em conta, em qualquer discussão séria sobre a inflação, os problemas já acumulados. Nos 12 meses até agosto a eletricidade encareceu 21,08%. O preço dos combustíveis domésticos, incluído o gás, subiu 30,22%. O das carnes aumentou 30,77%. O grupo cereais, leguminosas e oleaginosas (com destaque para arroz e feijão) ficou 25,39% mais caro. Cada novo aumento, grande ou pequeno, ocorre sobre uma base já muito alta. Mesmo com inflação zero em setembro, uma fantasia aritmética, muitos milhões de famílias continuariam muito apertadas.

Mas é preciso perguntar por que o presidente do BC, ao reafirmar a promessa de combater a alta de preços, mencionou a autonomia da instituição e prometeu usar de “maneira independente” os instrumentos de política. A resposta é simples: se as pressões inflacionárias persistirem, poderá ser necessário um aperto maior, com novas altas de juros, piores condições de crédito e maiores entraves ao crescimento, mesmo com eleições em 2022.

O risco de um choque entre as ações anti-inflacionárias e a agenda eleitoral do presidente da República foi mencionado em entrevista à Agência Estado pelo economista Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e diretor-presidente da Tendências Consultoria. Os dirigentes do BC têm hoje mandato fixo, lembrou Loyola, mas o presidente Bolsonaro, acrescentou, já desafia até o Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, lembrou, os dirigentes tinham mandato quando a instituição foi criada, mas isso durou até o presidente Arthur da Costa e Silva dizer “o guardião da moeda sou eu”.

Antes de conhecido o IPCA de agosto, economistas do mercado já haviam elevado de 7,50% para 7,63% a taxa básica de juros prevista para o fim deste ano. A taxa esperada para o fim de 2022 já chegou a 7,75%. Diante dos novos dados da inflação, já se mencionou no mercado a hipótese de novo aumento da taxa projetada. Enquanto isso, o presidente continua a cuidar de seus interesses pessoais e a ampliar a insegurança política e econômica, com efeitos imediatos na bolsa e no câmbio e danos duradouros à produção, ao emprego e ao sustento de milhões.

Folha de S. Paulo

Golpismo no asfalto

Açulados por Bolsonaro, caminhoneiros sabotam o país com pauta antidemocrática

Parlamentares e militantes bolsonaristas convocaram caminhoneiros para os atos golpistas do 7 de Setembro. Alguns dos engajados nessa causa do presidente da República são investigados no Supremo Tribunal Federal, entre eles um autointitulado líder dos motoristas e o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil.

Na véspera do feriado nacional, caminhões invadiram e ocuparam a oficialmente interditada Esplanada dos Ministérios, em Brasília, entre eles vários veículos ligados a empresas do setor agropecuário.

Depois, caminhões foram usados em bloqueios de estradas em ao menos 15 estados. Na noite de quarta (8), Jair Bolsonaro, ao que parece preocupado com a economia, pediu aos “caminhoneiros aí” que, “se for possível”, liberem as vias, como se ouve no áudio enviado a quem chama de “aliados”

Como fica evidente, o presidente e seus apoiadores estão envolvidos de um modo ou de outro na promoção de mais essa baderna.

Bolsonaro e algumas entidades empresariais estão ligados ao movimento sindical e político dos caminhoneiros desde a paralisação de maio de 2018, que quase levou o país ao colapso. O movimento teve o apoio do hoje presidente, à época deputado, e de associações como a Aprosoja e a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas.

Segundo integrantes do governo Michel Temer (MDB), inclusive, tratou-se também de um locaute, com o envolvimento de empresários do setor de transporte.

Caminhoneiros se articularam desde então, em particular por redes sociais, mas diversos representantes dos motoristas autônomos negaram participação nas manifestações do Dia da Independência. Ao que parece, os bloqueios são liderados por voluntários engajados na ofensiva autoritária e bolsonaristas como Marcos Pereira.

Conhecido como Zé Trovão, esse militante é investigado por incentivar atos golpistas e diz estar ao lado de Bolsonaro, a quem pede ajuda. Afirma ser vítima de perseguição política, como outros ativistas presos ou suspeitos de promoverem ataques à ordem constitucional, entre outros crimes.

Os caminhoneiros bolsonaristas acreditaram nas palavras do presidente da República, que insuflou ataques ao Supremo Tribunal Federal e pregou a desobediência a decisões judiciais —a ocupação da Esplanada e os bloqueios de estradas são um subproduto do ataque às instituições democráticas promovido desde o Planalto.

O descaramento avançou nesta quinta (9), quando líderes da sabotagem motorizada se encontraram com Bolsonaro —por si só, um escândalo— e disseram que a liberação das vias será condicionada a uma audiência com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para debater a ação do STF.

A pretensão seria um desplante digno de risos, não tivessem os chantagistas já sido recebidos pela mais elevada autoridade do país.

Valor Econômico

Inflação não dá trégua e testa políticas monetária e fiscal

O presidente tentará se reeleger com a economia jogando contra, o que é meio caminho (ou mais) andado para a derrota

A inflação deu um alívio momentâneo às contas públicas no primeiro semestre, mas como segue em um embalo ainda forte colocará sérios problemas para o orçamento de 2022, já enviado ao Congresso – como peça de ficção – e que terá de ser revisto em novembro. A alta do INPC em agosto, de 0,88%, e de 10,42% em 12 meses, retrospectivamente fazem dos R$ 124 bilhões de margens extras de gastos para o ano que vem, ambicionada pelo governo, um sonho de uma noite de verão. Na verdade, o risco cada vez mais presente é de não haver margem alguma.

A variação dos preços dos combustíveis, em primeiro lugar, e da energia elétrica, em segundo, se espalha por toda a economia e os juros, que estão subindo rapidamente, têm pouco poder sobre ela. Os aumentos já observados em 12 meses são compatíveis com a megadesvalorização do real, para a qual boa parte das causas tem relação com a balbúrdia e a falta de rumos do governo de Jair Bolsonaro. A gasolina subiu 39% no período, o gás de botijão 31,7% e o diesel só neste ano, até agosto, 28%. Fora dos preços monitorados, mas também refletindo a depreciação do real, as carnes aumentaram 30,7% em um ano.

A persistência e a disseminação da alta dos preços traz problemas sérios para as políticas monetária e fiscal por si só, e ainda mais sérios se conjugados a um previsível crescimento raquítico em 2022, ao risco de um agravamento da crise hídrica, à continuidade dos distúrbios nas cadeias produtivas, que encarecem os bens industriais, e às arruaças antidemocráticas do presidente da República, que minam os componentes das expectativas e da previsibilidade que afetam a economia como um todo. Adicionalmente, a recuperação do setor de serviços trará uma recuperação de seus preços. A inflação subjacente dos serviços (exclui turismo, serviços domésticos e comunicação, entre outros), subiu para 4,97% em um ano.

O Banco Central poderá aumentar os juros mais rápida e fortemente, mas seu efeito sobre o IPCA neste ano é marginal. O BC está de olho na meta de inflação de 2022, de 3,5%, da qual as expectativas do mercado estão se afastando progressivamente. As estimativas para o IPCA em 2021 já se aproximam de 8%. Recolocar a inflação na meta e derrubá-la a mais da metade em um exercício é uma tarefa muito difícil, ainda mais em um ano eleitoral. Por isso, as expectativas apontam para um aumento do juro real já razoavelmente acima do neutro (3%) por um tempo maior do que se poderia esperar antes, com custos significativos sobre a atividade econômica.

A alta dos preços tem fôlego para continuar. Em agosto, o índice de difusão foi de 77% – elevação de 3 em cada 4 produtos – e a média dos núcleos calculados pelo BC avançou de 5,49% para 6,09% em 12 meses, pelos cálculos da MCM Consultoria. Em agosto, o aumento dos alimentos, da habitação (onde se inclui a energia elétrica) e transportes somaram 0,71% dos 0,87% do IPCA. Os resultados poderiam ser piores? Sim e já o são no INPC, que reajusta as maiores despesas obrigatórias do orçamento, como os gastos da previdência, e que mede a variação dos preços na faixa de até 5 salários mínimos. Apesar de queda em agosto em relação a julho, tanto o índice no ano (5,94%) quanto em 12 meses (10,42%) são piores que os do IPCA.

A expectativa para o INPC se desloca para a casa dos 8% no ano e pode ultrapassar esta marca. O orçamento de 2022 foi concebido com um INPC de 6,2%, enquanto o teto de gastos foi reajustado em 8,35%. Se forem iguais os dois indexadores, não haverá folga orçamentária alguma. Se o INPC for maior, o orçamento terá de ser mais contracionista nas despesas discricionárias, que se aproximam do limite de garantia do funcionamento da máquina pública. Por outro lado, mesmo com a ajuda inflacionária nas receitas, um PIB abaixo de 2,5% em 2022 derrubará a arrecadação.

Ainda que seja possível manter o déficit primário perto do previsto (R$ 49,6 bilhões, ou 0,5% do PIB), o déficit nominal, que inclui a carga de juros, terá deterioração importante. O cenário favorável vislumbrado pelo governo, de aumento do crescimento, espaço orçamentário para elevar dotações e amplitude de programas sociais, redução do desemprego e normalização rápida dos juros faz água por todos os lados. O presidente tentará se reeleger com a economia jogando contra, o que é meio caminho (ou mais) andado para a derrota. Bolsonaro consegue a proeza de, sem qualquer oposição influente, arruinar por conta própria suas perspectivas políticas.

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