Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (22/06/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Conta de luz deve subir ao menos 15% a partir de julho
Arthur Lira – ‘A CPI não vai trazer efeito algum’
Bolsonaro ataca repórter e imprensa, e entidades reagem a destempero
Justiça Federal do DF absolve Lula e mais seis pessoas
MP da privatização da Eletrobras é aprovada também na Câmara
De olho em jovens e classes D e E, Nubank põe Anitta no ‘board’
Em busca da glória perdida
Queiroga quer volta às aulas no 2º semestre
Falta de doses faz São Paulo suspender imunização
Delegado é 1º agente da ditadura condenado em ação penal no país
Olimpíada terá público limitado a até 10 mil pessoas
Líderes catalães ganham indulto na Espanha

O Estado de S. Paulo

Governo comprou vacina indiana por preço 1.000% mais alto
Pressionado por pandemia e atos, Bolsonaro xinga imprensa
Para ampliar a isenção do IR, governo quer taxar dividendo
Uma reserva para a volta dos animais à natureza
Câmara autoriza a privatização da Eletrobrás
Sem estoque, cidade de SP para vacinação hoje
Juiz condena delegado por crime na ditadura
Cabeleireiros furam ‘bolha’ de seleções
Chile usa em 2ª dose imunizante diferente

Folha de S. Paulo

Desigualdade racial é pior nas regiões mais ricas do Brarsil
Em município de Goiás, diretoria de igualdade racial faz diferença
Cidade de São Paulo ficará sem vacinar até amanhã
Bolsonaro se irrita, ataca repórter e diz fazer o que quiser
MP da Eletrobras é aprovada, mas pode parar na Justiça
Doenças geradas por estresse têm alta na pandemia
STJ rejeita como prova print de tela de WhatsApp
Lula é absolvido em caso de suposta propina de R$ 6 mi
Chile já avalia aplicar terceira dose de Coronavac
Escolas nos EUA veem debate sobre racismo ser limitado

Valor Econômico

Crise hídrica traz risco ao PIB do agronegócio
Deputados aprovam a MP da Eletrobras
Criptomoedas atraem ação de criminosos
Vento em popa
RN terá polo cloroquímico de US$ 5 bilhões
Taxar os mais ricos
Tributação de dividendos pode ser de 20%
MG prevê R$ 17 bi com concessões

EDITORIAIS

O Globo

Os pecados de Milton Ribeiro à frente do MEC

Talvez o maior pecado do ministro da Educação é não ter competência nem senso de urgência

Não bastassem o esvaziamento e aparelhamento ideológico do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o corte de verbas das universidades federais, o descaso com a inclusão digital para o ensino remoto e toda a confusão criada em torno do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), verifica-se agora que 2,7 milhões de alunos do ensino público em 677 municípios não estão comendo a merenda escolar porque as escolas estão fechadas e as crianças não recebem os mantimentos em casa. Os dados são do Painel de Monitoramento da Educação Básica no Contexto da Pandemia, iniciativa da Universidade Federal de Goiás (UFG), com apoio do Ministério da Educação (MEC). O contexto em que isso acontece não poderia ser mais delicado. Devido à crise sanitária, mais da metade dos lares brasileiros tem algum grau de insegurança alimentar.

No caso da merenda, o custo é dividido entre os governos federal, estaduais e municipais. Parte da culpa é, certamente, de prefeitos ineptos. Mas, como disse ao GLOBO ontem Sandra Helena Pedroso, presidente do Conselho de Alimentação Escolar do Estado do Rio, o baixo repasse do governo federal, que não sofre reajuste desde 2017, é uma barreira para municípios mais carentes. O valor por aluno oscila entre R$ 0,32 e R$ 1,07 por dia.

A desatenção à alimentação dos alunos é mais um entre muitos exemplos da incompetência do governo federal justamente quando o país enfrenta o momento mais desafiador da educação brasileira, devido aos problemas causados pela pandemia. Atualmente, o MEC tem prioridades completamente distantes da realidade trágica que aflige as escolas no Brasil. As principais são o projeto que regulamenta o ensino domiciliar e a implantação de mais escolas “cívico-militares” e de um “filtro ideológico” no Enem.

O ministro Milton Ribeiro comete dois erros. Primeiro, as prioridades de sua lista são absurdas. Quando se fala em ensino doméstico ou em escolas cívico-militares, os números estão na casa dos poucos milhares. Parece piada de mau gosto achar que o problema da educação será resolvido com um “tribunal” para garantir pretensos valores morais no Enem. Só a adesão a uma agenda ideológica de cunho religioso que nada tem a ver com educação ou pedagogia explica tais obsessões.

O segundo pecado de Ribeiro, talvez o maior, é não ter competência nem senso de urgência. As questões que o país precisa enfrentar são os milhões sem acesso satisfatório a aulas remotas, as lacunas no aprendizado, a falta de planos para ajudar estados e municípios a retornarem às aulas com segurança e o potencial aumento da evasão.

Em 2020, 24% dos jovens entre 15 e 17 anos declararam já ter pensado em parar de estudar, percentual que pulou para 32% neste ano, segundo o levantamento “Juventudes e a pandemia do coronavírus – 2ª edição”, do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), em parceria com a Fundação Roberto Marinho e outras instituições. Especialistas em educação têm chegado a uma conclusão que pensavam impossível há pouco tempo. Parecia que Ricardo Vélez e Abraham Weintraub brigariam para ver quem entraria para a História como pior ministro da educação. Até que apareceu Ribeiro. Como diz o deputado Felipe Rigoni (PSB-ES), ele também é forte candidato.

O Estado de S. Paulo

500 mil mortos

Bolsonaro não se sentiu obrigado a dirigir nenhuma palavra de conforto e pesar quando a terrível marca de 500 mil mortos foi atingida. É como se as vítimas não fossem dignas de luto

Há algo de profundamente perturbador quando parte da sociedade, estimulada pela desumanidade do governo de Jair Bolsonaro, considera natural a morte de meio milhão de conterrâneos na pandemia de covid-19. O choque é ainda maior quando se constata que muitos desses brasileiros mortos poderiam ter sobrevivido, não fosse a inépcia criminosa do governo, resultado direto do comportamento irresponsável do presidente.

Bolsonaro não se sentiu obrigado a dirigir nenhuma palavra de conforto e pesar quando a terrível marca de 500 mil mortos foi atingida. É como se essas vítimas não fossem dignas de luto.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi didático ao explicar por que não se deveria lamentar a morte de 500 mil brasileiros. No Twitter, escreveu: “Em breve vocês verão políticos, artistas e jornalistas ‘lamentando’ o número de 500 mil mortos. Nunca os verão comemorar os 86 milhões de doses aplicadas ou os 18 milhões de curados, porque o tom é sempre o do ‘quanto pior, melhor’. Infelizmente, eles torcem pelo vírus”.

Na lógica bolsonarista, portanto, comover-se ou revoltar-se com a morte de meio milhão de brasileiros equivale a “torcer pelo vírus” contra o Brasil. O importante, segundo o sequaz do presidente, é “comemorar” vacinas que Bolsonaro sabotou (e continua a sabotar, duvidando de sua eficácia) e os milhões de curados de uma doença cuja letalidade média é de 1% no mundo, mas que no Brasil superou 4% em março, segundo a Fundação Oswaldo Cruz. Ou seja, o Brasil do ministro Fábio Faria poderia ter mais vacinas e menos óbitos, mas escolheu deliberadamente ter menos imunizantes e incitar seus cidadãos a se exporem a uma doença fatal.

Ao menosprezar os que morreram, o governo os trata como fracos que faleceriam de qualquer maneira, seja pela idade, seja por terem “comorbidades”. Em março passado, quando mais uma vez estimulou os brasileiros a ignorarem medidas de isolamento social, Bolsonaro disse que “temos que enfrentar os problemas, respeitar obviamente os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades”. A respeito dos mortos, declarou na mesma ocasião: “Chega de frescura, de mimimi! Vão ficar chorando até quando?”.

Depreende-se que, para Bolsonaro e sua grei, a covid deve servir para realizar uma espécie de “seleção natural”: os que sobrevivem à pandemia se provam fortes o bastante para integrar a comunidade nacional idealizada pelo bolsonarismo; já os que morrerem não passaram no teste.

A isso se dá o nome de darwinismo social, ideologia que parece nortear Bolsonaro desde sua posse, influenciando ministros como Fábio Faria e Paulo Guedes – aquele para quem há brasileiros que passam fome porque a classe média desperdiça comida, e não em razão do desemprego que o governo nada faz para mitigar.

Ou seja, os delitos do governo Bolsonaro na pandemia não são somente de ordem jurídica ou administrativa, mas sobretudo moral. É como se o presidente não reconhecesse os milhares de mortos como cidadãos do país que ele julga governar.

Nessa nação delirante, ganha cidadania plena somente quem devota fé absoluta em Bolsonaro – a ponto de tomar remédios sem eficácia só porque foram propagandeados pelo presidente e de deixar de tomar vacinas eficazes só porque foram desacreditadas por Bolsonaro.

Para os “fortes” do país de Bolsonaro, o uso de máscara e as restrições de movimento, essenciais para conter a disseminação do coronavírus, são atentados às “liberdades” de que se julgam titulares e que estão acima do direito à saúde e à vida dos demais brasileiros. São, ademais, sinais de covardia, incompatíveis com a imagem viril que pretendem imprimir ao país que inventaram.

As manifestações de opositores do presidente no sábado passado em cerca de 200 cidades do País mostram, contudo, que cada vez menos cidadãos estão dispostos a viver no país do bolsonarismo ou a participar do experimento social-darwinista liderado pelo presidente da República. Exige-se nas ruas que o presidente pelo menos se envergonhe da marca de meio milhão de mortos, como faria qualquer chefe de Estado decente. Para sentir vergonha, no entanto, é preciso tê-la.

Folha de S. Paulo

Vacina sem lacuna

Todos os níveis de governo precisam buscar aqueles que abandonaram a imunização

Por bem-vinda que seja a aceleração do ritmo da vacinação contra a Covid, com o impulso da saudável competição entre governadores e prefeitos, cumpre apontar que o processo não se dá sem lacunas.

A Folha mostrou em diferentes reportagens que contingentes importantes que já deveriam ter sido vacinados não apareceram para receber a primeira dose. Outros tantos abandonaram o trajeto vacinal no meio, o que compromete a proteção contra o coronavírus.

No começo de junho, constatou-se que 3,6 milhões de brasileiros com mais de 70 anos não estavam completamente imunizados contra a epidemia no país, dos quais 1 milhão não tinha tomado nem a primeira dose e 2,6 milhões não compareceram para a segunda.

Isso representa mais de um quarto dos brasileiros nessa faixa etária, que somam 13,5 milhões de pessoas, de acordo com a estimativa da Campanha Nacional de Vacinação.

Antes, em abril, noticiou-se que mais de meio milhão de pessoas que receberam a primeira dose do imunizante desde janeiro tinham perdido o prazo da segunda etapa vacinal. O cálculo da época considerou a Coronavac, que tem intervalo entre doses de 28 dias.

Tais contas são possíveis porque cada pessoa imunizada é registrada em um sistema do próprio Ministério da Saúde com um código de identificação individual, no qual há informações sobre idade, dose da vacina recebida e grupo prioritário a que pertence.

Essa base integra o DataSUS, serviço do Sistema Único de Saúde criado na década de 1990 para compilar informações para o embasamento de políticas públicas.

Pelos números do DataSUS, já se sabia que a taxa de abandono no caso de vacinas com mais de uma dose —como a meningocócica C (duas doses) e a contra a poliomielite (três doses)— andava alta no país: passara de 15,8% em 2015 para 23,4% em 2019.

Tal cenário, somado à desinformação quanto à pandemia, muitas vezes fomentada pelo próprio governo federal, tornava previsível a necessidade ampla de campanhas para engajar a população no processo. Isso não aconteceu.

Usar o DataSUS para definição de estratégias nacionais deveria ser tarefa diária do Ministério da Saúde, mas a pasta prefere responsabilizar estados e municípios.

É preciso fazer campanhas e busca ativa de grupos prioritários que ficaram para trás, além de facilitar a imunização dessas pessoas sem datas específicas de repescagem. Isso deve ser feito especialmente no caso dos idosos. A ciência, afinal, tem apontado que a idade é o principal fator de risco para a Covid.

A vacinação ampla, cabe sempre repetir, é a única forma virtuosa de superar a crise sanitária.

Valor Econômico

Pandemia segue sem controle, após mais de 500 mil mortes

A despreocupação do presidente com as pessoas que dependem do Estado revela o caráter antissocial de seu governo

As mortes por covid-19 ultrapassaram a marca de 500 mil no sábado à tarde, sem que o governo de Jair Bolsonaro tenha emitido um gemido de pesar. A vacinação tardia, um dos motivos para que o Brasil esteja no segundo lugar mundial em número de vítimas, pode ser acelerada e esse é um dos poucos motivos de esperança no controle de uma pandemia que ainda mata mais de 2 mil por dia.

A tênue linha que separa uma terceira onda da covid-19 e a diminuição dos casos é a rapidez da imunização, hoje ainda aquém das necessidades em decorrência do absoluto descaso do governo em conseguir doses da vacina. Até agora, apenas 15% da população adulta recebeu a segunda dose. Ao ritmo de junho, 989 mil aplicações por dia – a melhor média do ano – o Brasil chegaria em 5 de dezembro com 70% da população vacinada com duas doses. (O Globo, 19 de junho).

O limitante, de novo, é a quantidade de vacinas, cujo fornecimento tem sido sujeito a intempéries políticas e à falta de matéria prima. Com a disponibilidade atual, é possível vacinar 1 milhão por dia, mas com ampla oferta o país já demonstrou ser capaz de imunizar mais de 2 milhões de pessoas diariamente. O planejamento do governo, no entanto, é uma peça de ficção. Documentos que chegaram à CPI mostram que o inepto Eduardo Pazuello, quando ministro da Saúde, chegou a prever que 50% da população adulta estaria vacinada em meados do ano e que o suprimento ultrapassaria 600 milhões de doses (Folha de S. Paulo, 19 de junho). A indolência evidente na obtenção de imunizantes se transformou, meses depois, em otimismo alucinado.

A documentada recusa do governo na busca de vacinas tornou-se ainda mais injustificável porque para os brasileiros elas viraram o único meio de escapar dos males do vírus. Desde o início, a pandemia foi minimizada pelo presidente da República, que desarmou o aparelho de Estado de se preparar para enfrentá-la a sério. O país não fez testagem em massa, nem rastreamento eficaz, enquanto o presidente Bolsonaro fazia campanha contra as máscaras e contra o isolamento social, ameaçando os governadores que, felizmente, o desobedeceram. Do começo ao fim, pôs em dúvida até a eficácia das vacinas.

É inegável que o uso de todos os recursos colocados à disposição pelo conhecimento científico teria reduzido em dezenas de milhares as mortes por covid-19. Quinze meses depois da pandemia se instalar no mundo, muitos países aprenderam muito, enquanto o governo brasileiro estancou no curandeirismo do kit precoce. Na luta contra uma tragédia como essa, com meio milhão de mortos, erros e correção de rumos são inevitáveis. O inacreditável no caso do governo Bolsonaro é que não houve correção nenhuma. Até hoje, o presidente acha que as vacinas são experimentais, que o distanciamento social só serve para atrapalhar sua reeleição, que a máscara é um símbolo de covardia e que a imunidade só virá com a contaminação de todos pelo vírus – e sabe-se lá quantos milhares a mais de mortos. Por isso o país ficou sem ministro da Saúde no auge da pandemia – um histórico desastre intencional. As Forças Armadas seguiram todos os protocolos, execrados pelo seu ignorante comandante chefe.

Após 500 mil mortos, 18 Estados e o Distrito Federal continuam com mais de 80% de seus leitos ocupados. Em nove capitais, entre elas Curitiba e Brasília, a ocupação dos leitos ultrapassa 90%. Só com a aceleração da vacinação será possível virar a página desta tragédia, mas isto ainda não está assegurado quando o país é governado por um presidente que desdenha suas vítimas. “O Brasil é um spa para o vírus”, disse o epidemiologista José Cássio de Moraes, da Santa Casa de São Paulo e membro do Observatório Covid-19.

As vítimas são, na maioria, de pobres e pretos. Motoristas de caminhão, faxineiros, vendedores, porteiros de prédio, motoristas de ônibus, alimentadores de linhas de produção estão entre os contingentes ocupacionais mais atingidos pela pandemia (Folha de S. Paulo, 20 de junho). A despreocupação do presidente com as pessoas que dependem do Estado para se defender de um vírus assassino revela o caráter antissocial de seu governo. O presidente percorre todos os cantos do país onde haja uma formatura de militares e policiais, mas em nenhum momento foi visitar um hospital. Se por suas nulas virtudes lhe é impossível entrar para a história, já o fez por seus inúmeros vícios.

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