Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (02/06/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

PIB cresce mais que esperado, mas desemprego ainda resiste
CPI: Nise reforça indícios de gabinete paralelo
Bolsonaro nomeia Pazuello e deixa Exército em saia justa
Copa América terá jogos em Rio e Centro-Oeste
CoronaVac: uso emergencial é aprovado pela OMS
Protocolo olímpico inaugurado
Recife: violência em atos derruba comandante da PM
Amazônia pode ter taxa recorde de queimadas
Governo discute mudar relação diplomática com Venezuela
Obituário/Ribamar Oliveira – Referência na área fiscal

O Estado de S. Paulo

PIB trimestral surpreende e previsão para ano chega a 5,5%
Ação no Recife expõe risco de radicalização das polícias
Pazuello ganha cargo no Palácio do Planalto
SP ganha estação sustentável
Copa América no Brasil evita perda para a Conmebol
Escola fechada deve levar à perda de R$ 700 bi
OMS aprova uso emergencial da Coronavac
Carro voador já tem comprador
Derretimento nos Alpes expõe itens da 1ª Guerra
Fábrica da JBS nos EUA são alvo de hackers

Folha de S. Paulo

PIB sobe e volta ao pré-Covid, mas ganho não chega a pobres
Bolsonaro põe general Pazuello em secretaria
Nise contradiz Anvisa e nega tentativa de alterar bula
Ações de PMs geram alarme sobre tática do presidente
Papel indica que máscaras da Saúde tiveram sobrepreço
Copa América será em MT, GO, RJ e DF, anuncia governo
Após repercussão negativa, Doria desiste de receber jogos em SP
OMS aprova uso emergencial da Coronavac
SP vacinará quem tem mais de 30 anos com comorbidades
Nestlé diz que boa parte do que vende não é saudável
Inquérito de 1 dia prende inocente
Egípicios pedem prisão preventiva de brasileiro

Valor Econômico

PIB forte leva a projeções de crescimento acima de 5%
Mercados têm dia de euforia e recorde na B3
Crise elétrica pode parar hidrovia Tietê-Paraná
Menos emissão no pré-sal
STF pode limitar perdas bilionárias à União
Jornalista Ribamar Oliveira morre de covid

EDITORIAIS

O Globo

Alta do PIB traz ânimo, mas não é garantia

Dois vetores ajudaram a elevar os números. Um já era esperado, o outro foi uma surpresa

Em meio a tanta notícia ruim, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem dados que merecem ser comemorados. O PIB cresceu 1% no primeiro trimestre de 2021 na comparação com o mesmo período de 2020, acima das expectativas. Em 12 meses, a queda recuou de 4,1% para 3,8%. A curva de crescimento, que vinha caindo, enfim deu uma virada para cima. O PIB voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019, antes da pandemia. Ao que parece, a economia começa a tirar a cabeça da água.

Dois vetores ajudaram a elevar os números. Um já era esperado, o outro foi uma surpresa. O esperado: o setor agropecuário, impulsionado por preços altos no mercado internacional, registrou crescimento de 5,2% em relação ao primeiro trimestre de 2020. A surpresa: contrariando previsões pessimistas, o investimento cresceu 17% ante o período entre janeiro e março do ano passado. A taxa de investimento no primeiro trimestre foi de 19,4% do PIB.

O investimento é acompanhado de perto porque é sinal de vigor futuro. É dinheiro gasto na ampliação ou criação de fábricas e infraestrutura, na compra ou importação de máquinas mais produtivas. À primeira vista, o resultado do trimestre foi excelente diante do histórico (desde 2015, a taxa patina ao redor de 15%) e da nossa necessidade para manter uma trajetória de crescimento sustentado, estimada em 25%. Mas infelizmente se trata de um número ilusório, inflado pela distorção decorrente de um regime tributário especial, que trata plataformas de petróleo que jamais saíram do país como importação de bens de capital. Descontado esse fator, o crescimento no investimento foi irrisório. A taxa ficaria, pelas contas da economista Zeina Latif, em 16,8% do PIB, um patamar expressivo, mas ainda distante do desejável.

O governo precisa ser mais transparente em relação a tais resultados para não inflar as expectativas. Nada garante que o PIB seguirá sem abalos no ritmo atual. Embora a projeção de 3,5% de crescimento para 2021 do Ministério da Economia já seja considerada conservadora, há questões em aberto. Os setores de consumo e serviços continuaram e continuarão a ser os mais afetados pela pandemia, que ainda não deu trégua. Há também outra questão: o baixo nível da água nos reservatórios das hidrelétricas ameaça se transformar numa crise de energia. Tudo isso é incerto.

Ainda que a vitalidade do setor privado mantenha a economia no rumo da recuperação, governo e Congresso precisam acordar para a realidade. Não há nada que indique o início de um longo período de alto crescimento sustentado. Há anos temos ficado para trás quando comparamos nosso desempenho ao de outros países emergentes, sobretudo pela métrica da renda per capita que leva em conta a paridade do poder de compra. Desde 2011, fomos ultrapassados não apenas pela China, mas por Sérvia, República Dominicana e Tailândia, entre outros.

Para sairmos dessa situação, governo e Congresso devem trabalhar no aprimoramento e na aprovação de mudanças que coloquem o Brasil em posição competitiva mais favorável na comparação com o restante dos emergentes. A lista de reformas é longa. Para destravar o crescimento, no topo das prioridades está a tributária, uma das que deveriam ser tratadas como urgentíssimas.

O Estado de S. Paulo

Um país goleado

A decisão de receber a Copa América, contrariando frontalmente o bom senso, demonstra que Jair Bolsonaro não hesitará um segundo sequer em atender a seus interesses eleitorais

O País está apreensivo com a perspectiva, cada vez mais real, de um novo recrudescimento da pandemia de covid-19, e multiplicam- se os relatos de aumento das internações e de falta de oxigênio para o atendimento de doentes. Mesmo assim, o presidente Jair Bolsonaro achou que este era um bom momento para oferecer o Brasil como sede da Copa América de futebol, a ser realizada entre 11 de junho e 10 de julho.

Que o presidente não tem apreço pela saúde dos brasileiros, a esta altura está muito claro. A CPI da Pandemia tem conseguido detalhar ao País como se deu a sistemática sabotagem do governo aos esforços para conter o coronavírus, desde as medidas sanitárias e de distanciamento social até a compra de vacinas.

Mas a decisão de receber a Copa América de seleções, contrariando tão frontalmente o bom senso, vai muito além da indiferença pelos cidadãos. Na verdade, demonstra que Bolsonaro não hesitará um segundo sequer em atender exclusivamente a seus interesses eleitorais, mesmo que isso coloque em risco a vida da população.

Antes de ser uma óbvia temeridade do ponto de vista sanitário, contudo, o sinal verde de Bolsonaro para a realização da Copa América no Brasil é uma afronta moral.

O País caminha a passos largos para atingir meio milhão de mortos, uma tragédia sem paralelo na história, que certamente marcará gerações. Grande parte dos brasileiros está particularmente agastada porque muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se o governo tivesse agido de forma racional, buscando vacinas onde houvesse, investindo em insumos hospitalares e apoiando de forma decisiva as medidas de isolamento social.

Nesse contexto, o desdém do presidente Bolsonaro pelo infortúnio dos brasileiros é profundamente imoral, e a recepção de uma competição esportiva internacional em total desconsideração pelo momento de grande angústia é nada menos que indecente.

“Lamento as mortes, mas temos que viver”, declarou Bolsonaro como resposta às reações indignadas à sua decisão de aceitar a realização da Copa América no Brasil. É o padrão bolsonarista desde o início da pandemia: o presidente estimula os brasileiros a fingir que a doença não existe, mesmo diante de uma pilha de cadáveres e do estresse do sistema de saúde.

Originalmente, a Copa América seria disputada na Colômbia, que desistiu da promoção em razão da pandemia e também de constantes manifestações de rua. A sede substituta seria a Argentina, mas o avanço da covid-19 no país fez o governo argentino vetar a realização do torneio. Assim, conforme relatado pelo próprio Bolsonaro, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) consultou o presidente sobre a possibilidade de fazer a Copa América no Brasil. “Minha primeira resposta a princípio foi sim”, contou Bolsonaro. Ou seja, em nenhum momento ocorreu ao presidente que “em princípio” seria uma péssima ideia, como concluíram argentinos e colombianos.

O presidente disse que consultou seus ministros e a resposta foi “unânime”, isto é, “todos deram sinal positivo”. Supõe-se que entre esses ministros esteja o da Saúde, Marcelo Queiroga, que sabe, ou deveria saber, quais os riscos associados à realização de um evento desses no Brasil, com tão pouco tempo para os preparativos necessários para garantir a segurança sanitária dos maltratados brasileiros e dos visitantes.

Como sempre, Bolsonaro insinuou que há motivações ocultas para as duras críticas que recebeu. “Será que é porque a transmissão (da Copa América) não é da Globo, é do SBT?”, questionou o presidente. Afinal Fábio Faria, genro do dono do SBT, o apresentador Silvio Santos, ocupa o Ministério das Comunicações. Para Bolsonaro, portanto, o problema é comercial, e não sanitário.

Em janeiro deste ano, quando a pandemia começava a dar sinais de novo avanço, com quase 1,5 mil mortos por dia, Bolsonaro defendeu a volta das torcidas aos estádios. “Temos que voltar a viver, pessoal. Sorrir, fazer piada, brincar”, explicou o presidente. É esse o espírito da impiedosa goleada de indecência que o Brasil está sofrendo desde a lamentável eleição de Bolsonaro.

Folha de S. Paulo

Torneio de insensatez

Bolsonaro consegue mais tumulto com decisão temerária de aceitar a Copa América

Embora a realização repentina da Copa América possa não representar grande risco sanitário adicional em um país já devastado pela irresponsabilidade de seu presidente, o próprio governo parece ter titubeado diante da empreitada.

Poucas horas depois de cancelado o torneio na Argentina, em razão do avanço da Covid-19, o Brasil foi anunciado como nova sede na manhã de segunda (31) —a Colômbia, que também abrigaria o evento, já havia desistido em razão da crise política que atravessa. Ao final do dia, entretanto, Brasília já não confirmava o sinal verde.

Em meio à má repercussão da notícia, o Palácio do Planalto afirmou estar negociando condições com as entidades futebolísticas do país e do continente. Nesta terça (1º), Jair Bolsonaro acabou por reafirmar a temerária decisão.

O mandatário confere visibilidade extra a seu desprezo pela precaução, enquanto o país marcha para a conta de 500 mil mortes provocadas pela epidemia sob a ameaça de uma terceira onda de contágio. As duas marcas, aliás, podem ser atingidas durante a competição.

É fato que o futebol acontece por aqui, sem público nos estádios, desde agosto do ano passado. Não obstante casos de equipes quase inteiras infectadas e aglomerações de torcedores, nenhum certame nacional ou continental foi cancelado. Ainda assim, o açodamento e a desnecessidade do novo compromisso carregam seu simbolismo.

O interesse financeiro em torno da Copa América, que por si só nada tem de errado, fica mais evidente em contraste com o duvidoso mérito esportivo desta edição do torneio —resultante de alteração de calendário e muito próxima da edição de 2019, realizada no Brasil.

Escancara-se ainda a tradicional aliança oportunista entre a política e o futebol, que não merece condescendência em um momento de tragédia nacional e inação do governo ante prioridades reais.

Bolsonaro, como de costume, busca instintivamente o tumulto, mesmo com riscos para si próprio. Põe em jogo seu capital político, dizimado pela pandemia, enquanto enfrenta aos desaforos uma CPI e a volta de manifestações populares contra sua administração. Será difícil dissociar a competição desse contexto deplorável.

Valor Econômico

PIB cresce, mas motor da expansão segue incerto

A volta a um ritmo normal (e baixo) de atividades é muito melhor do que a desventura de retrações sucessivas

O crescimento de 1,2% do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre, em relação ao anterior, exorcizou o pior cenário, o de que o país amargasse duas quedas trimestrais – um cenário predominante até fins de abril. A economia está voltando a seu ritmo modesto de expansão, não superior a 2%. As previsões para 2021 agora estão perto de 5% ou mais, mas para o ano que vem seguem em faixa medíocre, quando não existirá mais o carrego estatístico de 3,6%. O crescimento é quase “invisível” – com grande peso da formação de estoques, salto atípico dos investimentos, recuo da indústria de transformação -, enquanto o consumo das famílias está estagnado e o desemprego bate recordes. A arrancada é menos frágil do que se previa, mas vulnerável mesmo assim.

Investimentos e indústria extrativa, mais o desempenho seguro e crescente da agricultura, puxam agora a recuperação. Os setores que compõem dois terços do PIB, pelo lado do consumo e da produção – os gastos das famílias e a evolução dos serviços – ainda não se desataram da pandemia. Chama a atenção a taxa de investimentos no primeiro trimestre, de 19,4% do PIB, só inferior ao triênio 2011-2013, quando a economia crescia a uma velocidade bem superior.

A formação bruta de capital fixo, que soma investimentos em máquinas e equipamentos e construção civil, deu um salto de 35% em valores correntes e de 17% em termos deflacionados, o que indica um deflator implícito muito alto, fruto do aumento de preços de insumos e bens finais em ambos os segmentos, estampados nos índices de preços do atacado.

Já a taxa de poupança é a maior do século atual, 20,6%, suplantando os 18,9% de 2012. A poupança bruta avançou 70% em valores correntes em relação ao primeiro trimestre de 2020 (R$ 421 bilhões, com acréscimo de R$ 173 bilhões) e pode ser uma garantia de que o ritmo de atividades mantenha dinamismo, especialmente quando o risco de contágio de covid-19 tornar-se próximo do desprezível. Essa poupança está concentrada entre os mais ricos, mas sustentou também parte das camadas de baixa renda. A queda de apenas 0,1% no consumo das famílias no primeiro trimestre do ano, em relação ao anterior, mesmo com o fim do auxílio emergencial, pode encontrar explicação nas reservas acumuladas por precaução.

Merece também destaque a evolução vastamente positiva dos estoques, que se soma à formação bruta de capital fixo para o cálculo do peso da FBCF no PIB (15,4% em 2020). Foram R$ 84 bilhões, ou 4,1% de um PIB trimestral de R$ 2,048 trilhões. O sinal positivo é que após a interrupção das cadeias de produção no auge da pandemia – em parte ainda existente – as empresas estão mais perto de normalizar vendas e produção.

No quadro da linha do tempo de consumo das famílias, FBCF e PIB, na comparação de quatro trimestres com os quatro anteriores, o consumo das famílias sempre segue rente ou acima da do PIB, mas neste trimestre está abaixo dela, enquanto a da FBC descolou de ambas e está fortemente inclinada para cima. Nesta comparação, o PIB caiu 3,8%, o consumo recuou 4,7% e o investimento subiu 2%. O investimento, porém, segue sempre a direção do consumo com defasagem temporal. Não haverá um crescimento sustentado sem que o consumo reaja.

O motor da economia continua sendo uma incógnita, mesmo após o resultado animador do PIB. Se as commodities estão puxando a industria extrativa e a agricultura, não geram muitos empregos, por outro lado. A FBCF é demanda para as empresas de máquinas e insumos, mas a indústria de transformação no trimestre mal reagiu, ao contrário dos investimentos. O emprego formal avança com isso, mas ele abrange pouco mais de um terço dos trabalhadores. Os outros estão no setor informal, no setor dos serviços, especialmente os ligados a bens de renda (outras atividades de serviços, com recuo de 13% em quatro trimestres). Com peso de mais de dois terços do PIB, só se recuperarão e voltarão a ser fonte de abrigo da mão de obra menos qualificada, que sempre exerceu, quando a pandemia for dominada, o que não se sabe quando ocorrerá.

Há mais riscos no caminho: a aceleração da produção esperada no segundo semestre pode trombar com a escassez de energia ou racionamento – um demolidor de PIBs de primeira ordem. Apesar disso, a volta a um ritmo normal (e baixo) de atividades é muito melhor do que a desventura de retrações sucessivas, que já ficou para trás.

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