Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (17/03/2021)

MANCHETES DA CAPA

O Globo

Com 2.798 mortes, Queiroga fala em ‘dar continuidade’
Controle da pandemia na pauta do Congresso
Datafolha: 54% reprovam gestão de Bolsonaro da Covid
‘Rachadinha’: Flávio tem dupla derrota na Justiça
Bolsonaro quer manter Pazuello com cargo no governo
Criação de vagas em janeiro é a maior desde 1992
Empresas aéreas reduzem voos domésticos à metade
Síndica é presa, acusada por morte de vizinho na Barra
EUA detém em 5 meses o dobro de ilegais na fronteira
Facebook vai pagar a jornais na Austrália por uso de conteúdo

O Estado de S. Paulo

País tem 2.798 óbitos em 24h; em SP, 88 morrem na fila por leito
Hospital privado recorre ao SUS
‘Não teremos paciência’, diz vice da Câmara sobre Queiroga
STJ nega pedidos de Flávio no caso das ‘rachadinhas’
Frederico Trajano – ‘Vacina é a única solução e estou pessimista’
Lula busca aproximação com o PSDB
Congresso terá grupo de defesa da energia limpa
Kassab não vê acordo sobre nome de centro
PEC Emergencial cria regra com limite para dívida pública
Deputados aprovam texto que pode baratear gás
Descobertas milenares no Mar Morto

Folha de S. Paulo

Rejeição da gestão Bolsonaro na pandemia tem pior marca
Queiroga defende a ciência em dia de recorde de mortes
Ludhmila escreveu ao presidente que se alinharia 100%
Eventual alta de juros causa temor no setor produtivo
Em 2 anos, custo da cesta básica sobe quase 33%
Avisamos ao presidente que intervir na Petrobras teria custo, diz Guedes
Recursos de Flávio Bolsonaro são rejeitados pelo STJ
Bolsonaristas agridem repórter em ato em BH
Avanço da Covid faz lockdown se espalhar pelo interior paulista
Agência europeia orienta manutenção da vacina de Oxford
Entenda o que são as novas variantes e tire suas dúvidas

Valor Econômico

Grandes empresas resgatam investimentos represados
Queiroga fala de continuidade e mortes escalam
TRT-15 ‘corrige’ dívidas acima do previsto
Interdependência
Queiroz Galvão deve pedir RJ na área de imóveis
MS pode ter ‘apagão’ de madeira
PPP de água em Fortaleza segue travada

EDITORIAIS

O Globo

Desafio de Queiroga na Saúde é resistir aos delírios bolsonaristas

A nomeação marca uma inflexão positiva na visão de Bolsonaro em relação à pandemia: a compreensão da importância da vacinação

Depois do desastre da gestão Eduardo Pazuello, a mudança no Ministério da Saúde é bem-vinda. O cardiologista Marcelo Queiroga, quarto ministro a ocupar a pasta durante a maior pandemia em cem anos, herda um legado caótico: mais de 282 mil mortos pela Covid-19, um sistema de saúde em colapso e um programa de imunização claudicante.

Próximo da família Bolsonaro, ele tem credenciais relevantes: presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, incentiva a vacinação, defende as máscaras, o distanciamento social e já se manifestou contra o uso da cloroquina para tratar Covid-19, embora suas declarações a respeito tenham sido ambíguas (diz que médicos podem prescrever tratamentos, mesmo sem eficácia comprovada). Num governo em que o presidente Jair Bolsonaro já insinuou que quem tomasse vacina poderia virar jacaré, não é pouco.

Queiroga também satisfaz ao critério que se tornou nova palavra de ordem entre os bolsonaristas: disse ser radicalmente contra lockdowns e criticou medidas de restrição mais duras adotadas em estados e municípios para deter o vírus. O simples fato de ser médico e de ter uma reputação a zelar na área da Saúde já o distancia de Pazuello. Há um limite àquilo a que pode se sujeitar.

A nomeação marca uma inflexão positiva na visão de Bolsonaro em relação à pandemia: a compreensão da importância da vacinação (ele até decidiu entrar na fila para se vacinar). A principal missão de Queiroga será turbinar o Programa de Imunização, que avança a conta-gotas. O ministério afirma ter contratado 545 milhões de doses, em tese suficientes para vacinar a população. Só que quase todas ainda estão voando. Na mão mesmo, há 25 milhões em março. A partir do mês que vem, quando a Fiocruz aumentar a produção e quando começarem a chegar novas remessas, o fluxo deverá crescer.

Na situação de calamidade em que Queiroga assume, há muito mais a fazer. É urgente melhorar o diálogo com governadores, prefeitos e secretários de Saúde, que enfrentam um incontestável colapso nas redes de saúde. Também é essencial aumentar o número de leitos no SUS, porque as filas só fazem aumentar, e pacientes estão morrendo antes de conseguir atendimento.

O maior desafio do novo ministro será conciliar tais necessidades aos humores e inclinações políticas do chefe. O principal risco não está no ministério, mas no Planalto. De nada adiantarão ideias sensatas se Bolsonaro sabotar Queiroga como fez com Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.

Viu-se uma amostra do que o bolsonarismo é capaz na reação virulenta das tropas de assalto das redes sociais contra a médica Ludhmila Hajjar, indicada do presidente da Câmara, Arthur Lira, e do Centrão ao cargo. Suas credenciais e sua sensatez eram mesmo incompatíveis com Bolsonaro, mas a perseguição a que foi submetida é inaceitável. Queiroga terá de se equilibrar entre os delírios do bolsonarismo e a urgência de ampliar a vacinação e implantar medidas drásticas para deter o vírus. Espera-se que saiba resistir. Não faria sentido mudar para não mudar.

O Estado de S. Paulo

Novo ministro, velhos problemas

O sucesso do novo ministro da Saúde depende não de suas qualidades, e sim da função que ele terá nos cálculos políticos de Jair Bolsonaro

O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tratou logo de dizer a que veio: “A política (de saúde) é do governo Bolsonaro. A política não é do ministro da Saúde. O ministro da Saúde executa a política do governo”. Trata-se de uma versão mais polida da célebre frase do antecessor de Queiroga, Eduardo Pazuello, a respeito de sua atuação no Ministério: “É simples assim: um manda, o outro obedece”.

Mais do que isso: Queiroga disse que assumiu o cargo “para dar continuidade” ao trabalho de Pazuello, aquele que se limitava a cumprir as ordens absurdas do presidente Jair Bolsonaro – e que, talvez por isso mesmo, tenha sido considerado por seu chefe como um ministro da Saúde “excepcional”, um “tremendo gestor”.

Quando o “tremendo gestor” assumiu interinamente o Ministério da Saúde, em junho de 2020, o Brasil registrava cerca de 58 mil mortos pela covid-19; quando foi anunciada sua substituição, o País somava 279 mil mortos. Não se chega a esse macabro resultado sem muito empenho.

Se é a esse “trabalho” que o novo ministro da Saúde pretende dar continuidade, só resta rezar. Mas é preciso dar a Marcelo Queiroga o benefício da dúvida. Afinal, o novo ministro pelo menos é médico, uma das tantas competências que faltavam ao intendente Eduardo Pazuello. Sendo do ramo, é possível que Marcelo Queiroga tenha maior noção da urgência da vacinação, da abertura de leitos de UTI e da adoção de rígidas medidas de isolamento em quase todo o País.

Mas o sucesso do novo ministro depende não de suas qualidades, que ainda estão por ser conhecidas e testadas, e sim da função que ele terá nos cálculos políticos de Bolsonaro.

Sabe-se que o presidente não trocou de ministro da Saúde por livre e espontânea vontade. Muito pelo contrário: Eduardo Pazuello era o ministro ideal, por sua absoluta subserviência ao presidente.

Bolsonaro aceitou dispensar Pazuello por pressão do Centrão, que ora coloniza o governo. Multiplicam-se os sinais de que a crise causada pela pandemia, somada à volta à cena política do ex-presidente Lula da Silva, ameaça a reeleição de Bolsonaro – e não consta que o Centrão aceite se abraçar a quem está se afogando.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, prócer do Centrão, chegou a avalizar uma candidata ao Ministério da Saúde, a cardiologista Ludhmila Hajjar, uma entusiasta da vacinação e de medidas de isolamento social contra a pandemia. Seria uma guinada e tanto no Ministério e no governo Bolsonaro, em linha com as demandas de Estados e municípios, desesperados ante a escalada da pandemia.

O desgaste do presidente na sua relação com governadores e prefeitos preocupa os governistas, que sabem que não se faz campanha eleitoral sem palanques regionais. Sem poder contar com o Ministério da Saúde, até agora incapaz de organizar a aquisição de vacinas, prefeitos se articularam em consórcio para obter os imunizantes – e a iniciativa, para a qual se esperava a adesão de cerca de cem prefeituras, atraiu até agora mais de 1,7 mil (24 delas capitais), representando nada menos que 60% da população brasileira.

Esse movimento dá a dimensão do risco de desidratação eleitoral de Bolsonaro. A tacada do Centrão para sanear o Ministério da Saúde serviria assim para apaziguar ânimos e desarmar discursos oposicionistas.

Mas o bolsonarismo é mais forte que o bom senso. Bolsonaro nunca esteve disposto a perder o controle sobre o Ministério da Saúde, entregando-o a algum ministro que contrariasse o discurso negacionista que o presidente e seus camisas pardas vociferam desde o início da pandemia. Aceitou conversar com a indicada do Centrão, mas levou para a reunião seu filho Eduardo Bolsonaro, que nada entende de saúde, mas entende tudo da bobajada ideológica que embala o bolsonarismo. A irracionalidade prevaleceu, e a candidata foi dispensada.

Resta esperar que o doutor Queiroga, a quem cabe a hercúlea tarefa de liderar o Ministério da Saúde em meio a uma pandemia que virou o Brasil do avesso, ao menos consiga mitigar os danos causados pelo obscurantismo bolsonarista. Já terá sido um grande feito.

Folha de S. Paulo

Padrão ‘rachadinha’

Contas de ex-assessores na Câmara ampliam suspeitas sobre Bolsonaro e família

Desde que vieram à tona os primeiros indícios de que havia algo estranho na movimentação financeira do policial aposentado Fabrício Queiroz, faz-tudo do presidente Jair Bolsonaro e de sua família, as desconfianças só aumentam.

No ano passado, promotores acusaram o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) de liderar um esquema de desvio de milhões de reais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro nos anos em que ele foi deputado estadual.

Após uma devassa nas contas de Flávio e dezenas de ex-funcionários, o Ministério Público apontou evidências de que o filho mais velho do presidente usara salários dos servidores para pagar despesas pessoais e comprar imóveis.

Em fevereiro, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça atendeu a um pedido do senador e anulou a decisão da primeira instância que autorizara a quebra do sigilo das suas contas, pondo em xeque o futuro da investigação.

Na segunda (15), soube-se que as informações obtidas pelos promotores comprometem não apenas Flávio, mas o próprio presidente.

Como revelou o UOL, os dados mostram que quatro ex-assessores do gabinete que Bolsonaro ocupou na Câmara dos Deputados antes de chegar ao Planalto tinham o hábito de sacar em espécie a maior parte de seus vencimentos.

Isso leva à suspeita de que ocorriam ali também desvios como os encontrados pelos promotores na Alerj, onde um padrão de retiradas de dinheiro vivo e transferências incomuns foi associado ao esquema das “rachadinhas”.

Reportagem publicada pela Folha no ano passado já havia detectado movimentos inexplicáveis no antigo gabinete de Bolsonaro, com alta rotatividade de assessores, alguns demitidos e recontratados no mesmo dia com salário maior.

São indícios suficientemente fortes para justificar uma investigação sobre as práticas adotadas ali. O fato de que nada tenha sido feito até hoje é apenas mais uma demonstração da tibieza do procurador-geral da República, Augusto Aras.

É possível que as decisões do STJ no caso de Flávio prejudiquem de forma irremediável os esforços para investigá- lo. Mas cabe ao Ministério Público fazer seu trabalho e buscar novos elementos para esclarecer as suspeitas sobre a família.

A Constituição impede que Bolsonaro seja processado por atos estranhos às suas funções como presidente da República, mas isso não significa que não possa ser investigado por eventuais crimes do passado e responsabilizado após deixar o cargo. Para isso, basta seguir as pistas à vista de todos.

Valor Econômico

Troca na Saúde é inútil se política contra a pandemia não mudar

O presidente Jair Bolsonaro parece ter mudado o ministro da Saúde para que tudo continue como está

O presidente Jair Bolsonaro parece ter mudado o ministro da Saúde para que tudo continue como está, enquanto 280 mil já morreram vítimas da pandemia e o número não para de subir. Após a desastrosa gestão de Eduardo Pazuello, resultado direto das orientações do presidente, o cardiologista Marcelo Queiroga, bolsonarista que foi membro da equipe de transição, foi escolhido para, segundo o presidente, “dar continuidade” ao trabalho do antecessor – a ideia é aterrorizante. Sondada, a cardiologista Ludhmila Hajjar conversou com Bolsonaro e assessores e saiu perplexa, após negar o convite para que assumisse o posto. O Brasil ganha o quarto ministro da Saúde em um ano, em meio a uma segunda onda ainda mais violenta de contágio.

Quando assumiu como interino, em maio, o general Pazuello tinha diante de si 10 mil vítimas da covid-19. Uma de suas primeiras providências foi tirar do ar o site com o número de casos e mortes. Em 16 de setembro foi efetivado defendendo a cloroquina como “tratamento precoce”. Em 20 de outubro fez uma das poucas coisas certas ao entrar em acordo com o governador de São Paulo, João Doria, para a compra de 46 milhões de vacinas Coronavac. Foi esculhambado pelo presidente, que revogou o acordo. Sobre o ato de Bolsonaro, disse apenas que “um manda, o outro obedece”. O resto da história é contada pela curva de mortes, muito inclinada para cima.

A popularidade do presidente sofreu abalo com o colapso dos hospitais nas capitais, que se seguiu às pavorosas cenas de mortes por falta de oxigênio em Manaus – pela qual Pazuello está sendo investigado. Bolsonaro, que só pensa na sucessão, sempre deu de ombros à tragédia porque nenhum rival parecia estar colhendo trunfos com o inacreditável descaso do governo. Até que de repente surgiu Lula, com direitos políticos restituídos, e obrigou a entourage presidencial a reagir.

A conduta de Bolsonaro durante a pandemia é criminosa e o presidente está firmemente convicto de que nada fez de errado. Sem a vacina do Instituto Butantan, em parceria com a Sinovac, até o início de fevereiro ninguém teria sido vacinado no país. Por ordens suas, o ministro da Saúde rejeitou três tentativas de acordo com a Pfizer e não foi atrás da Moderna, Johnson e outros fabricantes que dispunham de imunizantes. Bolsonaro ainda disse sobre isso que estava esperando os fabricantes de vacinas virem lhe fazer propostas.

A contragosto Bolsonaro usou máscara, mas não perdeu a atitude. Com hospitais congestionados e uma média de 2 mil mortos diários, os bolsonaristas se aglomeraram no domingo em várias capitais para bradar contra o lockdown de governadores e pedir a volta do regime militar.

Bolsonaro sequer acredita na eficácia de vacinas e a tentativa inicial de achar algum médico sério para substituir Pazuello estava fadada ao fracasso, como ocorreu com Ludhmila Hajjar. O relato posterior de Ludhmila deixou claro que Bolsonaro, apesar de tudo, ainda continuava à procura de um fantoche para ocupar o posto.

Marcelo Queiroga foi indicado pelo senador Flavio Bolsonaro e escolhido. Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, e descrente da patacoada do tratamento precoce com cloroquina, Queiroga tem qualificações profissionais para ocupar o posto mas, além de enfrentar o auge da pandemia, terá de se comportar como Bolsonaro quer. As primeiras declarações de Queiroga ontem não foram de bom augúrio. “O ministro Pazuello tem trabalhado arduamente para melhorar as condições sanitárias do Brasil e eu fui convocado pelo presidente Bolsonaro para dar continuidade a esse trabalho”, disse.

Ludhmila contou com o apoio de ministros do STF e líderes do Centrão para assumir o posto e fazer o que precisa desesperadamente ser feito – e não foi. Teria, talvez, o respaldo político que seus antecessores não tiveram. Bolsonaro, porém, desperdiçou a oportunidade, anotou um líder político do centrão, enquanto ronda no Congresso a ameaça de uma CPI da pandemia.

Se Queiroga não mostrar, e logo, um trabalho sério – espera-se que faça e tenha grande sucesso na tarefa -, a crise sanitária entrará em estágio ainda mais agudo, podendo abrir uma crise política que os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, podem não desarmar. O pedido de CPI sobre o desempenho do governo durante a pandemia estará lá, junto com mais de quatro dezenas de pedidos de impeachment.

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