Presidente do Senado tem que ter coragem de dizer não ao presidente da República, diz Jorge Kajuru

Parlamentar do Cidadania coloca nome para representar o grupo ‘Muda, Senado’ na eleição da presidência do Senado e critica o atual presidente da Casa pelo engavetamento de projetos e pedidos de investigação (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Um dos candidatos do grupo ‘Muda, Senado’ à presidência da Casa, o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) avalia em entrevista ao jornal O Popular (veja aqui e abaixo) as eleições para a Mesa do Senado, critica a gestão do atual presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) pelo engavetamento de projetos e pedidos de investigação, e cobra um posicionamento de independência daquele que é também o presidente do Congresso Nacional em relação ao Executivo e Judiciário.

“O presidente [do Senado e do Congresso] tem que ter coragem de dizer ‘não’ ao presidente da República, de desengavetar projetos e processos que estão há décadas no Senado, como pedidos de impeachment e Comissões Parlamentares de Inquérito”, cobra o parlamentar.

Kajuru também fala sobre o trabalho que tem feito para pedir apoio é das principais propostas que defende, como a abertura da CPI da Lava Toga, para investigar o STF (Superior Tribunal Federal) e de tribunais superiores do País; e da CPI do Esporte, para investigar a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

“O presidente tem que ter coragem de dizer ‘não'”, diz Kajuru

Senador coloca seu nome para representar grupo ‘Muda, Senado’, mas admite que tem pouca chance de ser escolhido pelos seus pares

O Popular – Elisama Ximenes

Mesmo considerando que tem poucas chances de vencer, Jorge Kajuru (Cidadania), senador por Goiás, resolveu colocar seu nome como pré-candidato na disputa pela presidência do Senado Federal. O político diz que tem uma qualidade diferente dos demais: “Nenhum deles tem a coragem que eu tenho”. Integrante do grupo ‘Muda, Senado’, quando fala em coragem, Kajuru se refere à relação com o Executivo e com o Judiciário.

“O presidente tem que ter coragem de dizer ‘não’ ao presidente da República, de desengavetar projetos e processos que estão há décadas no Senado, como pedidos de impeachment e Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI)”, explica. Kajuru conta que o trabalho que tem feito para pedir apoio é de entregar aos colegas suas propostas, cujas principais são a abertura da CPI da Lava Toga, para investigar membros do Superior Tribunal Federal (STF) e de tribunais do País, e da CPI do Esporte, para investigar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Ele também quer que pedidos de impeachment contra membros do STF, como do ministro Gilmar Mendes ou de Dias Toffoli, tenham andamento. Na visão dele, há colegas que não colocariam essas demandas em prática por terem “compromissos” que ele não tem. É por esse mesmo motivo que avalia sua vitória como impossível. “Só ganha quem participa do esquema, e eu não ofereço cargo, dinheiro, nem vantagem para ninguém.”

Crítica

Em ataque ao atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM), que está apoiando Rodrigo Pacheco (DEM) na disputa pelo cargo mais alto da mesa diretora, Kajuru questiona a campanha iniciada por eles. O jornal O Globo informou que o segundo deu início a agenda de viagens pedindo apoio dos colegas de parlamento. “E eu pergunto quem é que paga isso?”, questiona Kajuru.

O senador não esconde o descontentamento com Alcolumbre e considera sua presidência pior que a de Renan Calheiros (MDB), mesmo que não estivesse no Senado na época. “A pior possível, não há como comparar, é impressionante como alguém conseguiu ser pior que o Renan. Um homem que engavetou projetos, pedidos de investigação, pelos rabos presos que tem”. Sobre Pacheco, Kajuru diz que, pessoalmente, gosta dele, mas avalia que o cargo de presidente não lhe é adequado. “Está no mesmo nível do Davi.”

Mobilização

Kajuru lançou seu nome como pré-candidato à presidência da Casa pelo grupo ‘Muda, Senado’. Trata-se de uma mobilização de senadores, iniciada em meados de 2019 e formada por 21 parlamentares, que se vende como um projeto renovador do modo de fazer política na Casa. A principal pauta é o combate à corrupção. O representante de Goiás diz que se identificou porque, segundo ele, é um grupo que não participa de esquemas.

“O nosso movimento é por um presidente que tenha independência do Palácio, que pode concordar com projetos que vêm de lá, mas também discorda”, diz. Questionado sobre a relação com Jair Bolsonaro (sem partido) caso consiga se tornar presidente. Kajuru afirma que seria de independência. “Tenho uma boa relação de amizade e risadas com o presidente, mas ele sabe que eu bato pesado na hora que tenho que bater”, garante.

Além dele, outros cinco senadores do ‘Muda, Senado’ lançaram seus nomes para a disputa – Major Olímpio (PSL), Álvaro Dias (Podemos), Mara Gabrilli (PSDB), Alessandro Vieira (Cidadania) e Lasier Martins (Podemos). Dos 80 senadores, Kajuru diz ter pelo menos três votos garantidos, o dele próprio, da Leila do Vôlei (PSB) e de Styvenson Valentim (Podemos).

Mas já considerando a hipótese de não chegar ao fim do processo como candidato, o parlamentar aponta que o nome mais preparado do grupo é de Álvaro Dias. “É o mais experiente e preparado. É o único também que concorda com todas as posições e posturas do grupo”, explica. De fora do grupo, caso o movimento não saia com nome próprio, Kajuru defende a vitória de Simone Tebet (MDB). Para ele, a senadora é a que mais se aproxima do seu modo de pensar a condução da Casa.

Sobre a votação, Kajuru promete repetir a tática que vem utilizando desde o início do mandato, que é a de lançar enquetes nas redes sociais. Segundo ele, o método está mais amadurecido hoje e seus seguidores mais filtrados. “Tenho convicção que as minhas enquetes são confiáveis.”

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