Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (19/11/2020)

MANCHETES

O Globo

Em meio a 2ª onda, mundo se aproxima de vacina emergencial
Mar de dúvidas: o que se sabe sobre o novo momento da Covid
Ibope: vantagem de Paes sobre Crivella é de 30 pontos
Eduardo Paes – ‘Nunca vi o Rio assim. O sofrimento das pessoas, a descrença’
Transportes: Senado aprova ajuda de R$ 4 bi
Sucessão de erros no Amapá expõe mazelas do setor elétrico
Argentina: presidente e vice em atrito
Epidemia piora, e Trump veta dados a equipe de Biden

O Estado de S. Paulo

Covas larga no 2º turno com 47% e Boulos, com 35%, aponta Ibope
Pfizer diz que pode levar vacina 95% eficaz a milhões no Brasil
Escolas reabertas em SP têm até 2 infectados
Boulos quer ajuste com mais servidores
No Rio, Paes tem 53% e Crivella, 23%, diz Ibope
Affonso Celso Pastore – Governo de má qualidade precisa de restrição fiscal
Ipê, jacarandá e mogno, o alvo dos estrangeiros
Micro e pequena empresa deve ter mais R$ 10 bi
Taxação de fortunas avança na Argentina

Folha de S. Paulo

Pfizer conclui testes e diz que vacina é 95% eficaz
Nova York suspende aulas presenciais após contágio quintuplicar na cidade
Imunizantes devem funcionar, mas produção imediata é desafio
Mundo registra recorde com 11.099 mortes em um único dia por Covid-19
Imunidade ao coronavírus pode durar anos ou até décadas, sugere estudo
Salto de 26% nos casos faz médicos verem risco em espera do governo
Bolsonaro vira alvo na disputa por São Paulo
Bruno Covas – Boulos tomou espaço do PT por falta de renovação
Ocupação de UTIs já supera 90% nos hospitais do Rio
Não adianta abrir escola e aluno ir a festa, diz secretário
‘Quando você passa a ter dinheiro, as pessoas te engolem’
Escrava do séc. 18 simboliza advocacia por Justiça no país
Prioridade dada a advogados torna INSS mais desigual
Apagão no Amapá expõe ONS e Aneel, dizem especialistas
Depois de trégua, governo português entrenta protestos

Valor Econômico

Home office perde apoio e tendência é modelo híbrido
Participação da Huawei no 5G ganha força
Zema quer indenização maior da Vale
Pandemia e recessão
Pátria investe no segmento de redes sem fio
Dinheiro não traz felicidade política
Raízen e Ultra ‘brigam’ por Repar e Refap

EDITORIAIS

O Globo

Isolacionismo de Bolsonaro já faz do Brasil um pária

Participação na cúpula do Brics deixa clara a ameaça de o país persistir na política externa solitária

A participação de Jair Bolsonaro na cúpula virtual do Brics serviu para que ele desse indicações de que o Brasil pós- Trump persistirá no isolacionismo, distante dos organismos multilaterais, no negacionismo de sempre diante da pandemia e dos crimes ambientais cometidos na Amazônia. Aproveitou para deixar isso claro ao vivo, na frente do presidente da China, Xi Jinping, principal parceiro comercial do país, que tem assumido discurso oposto, em defesa da globalização e da cooperação entre os países. A postura de Bolsonaro tem um certo aspecto suicida, já que vai contra o interesse nacional e lança por terra toda a tradição diplomática do Itamaraty.

Bolsonaro usou a cúpula para mandar recado aos críticos da passividade com que seu governo trata o desmatamento e os incêndios na Amazônia. Na tentativa evidente de transferir responsabilidades pela destruição da floresta, anunciou a divulgação de uma lista de países que criticam o Brasil e importam madeira ilegal. Tenta, assim, se contrapor de maneira canhestra a informações sólidas de que o relaxamento do Ibama nos controles sobre a exportação de madeira, já em seu mandato, é que tem facilitado o comércio criminoso. A responsabilidade está na origem, não no destino.

Outro atrito gratuito com Xi ocorreu quando Bolsonaro renovou suas críticas à Organização Mundial da Saúde (OMS), num eco a seu inspirador Donald Trump. Xi deu uma resposta que, fosse numa reunião em pessoa, decerto traria mal-estar, mas terminou passando em branco. Citou a vacina que a chinesa Sinovac desenvolve com o Instituto Butantan, de São Paulo, atacada por Bolsonaro em sua rivalidade infantil com o governador João Doria.

Bolsonaro voltou a defender reformas nos organismos multilaterais, como OMS, OMC e a própria ONU. Só esqueceu que seu próprio governo tem deixado de pagar o que deve a tais organismos, deixando o Brasil sem acesso a vários benefícios. Apenas em contribuições à ONU, o Brasil deve US$ 458 milhões este ano.

Ao fazer reparos ao multilateralismo, Bolsonaro revela que continuará a seguir os passos de Trump na política internacional, mesmo que o aliado já tenha data marcada para sair da Casa Branca. A motivação é exclusivamente ideológica: a rejeição à Ciência no combate à Covid-19 e à própria globalização. O descaso com a integração mundial não deverá ter maiores consequências imediatas, já que o Brics vem perdendo importância com o distanciamento indiscutível da China do bloco.

Mas as declarações de Bolsonaro, dadas também na presença virtual do russo Vladimir Putin, do indiano Narendra Modi e do sul-africano Cyril Ramaphosa, dispararam o alarme para o risco do isolacionismo brasileiro. É um risco que só crescerá com a posse de Joe Biden nos Estados Unidos. É preciso que os interesses reais do Brasil — na economia, na cultura, na política externa, no meio ambiente —prevaleçam sobre mais este desastre anunciado. Ou o país seguirá a visão do chanceler Ernesto Araújo e se tornará mesmo um pária.

O Estado de S. Paulo

Descuido mortal

Nada poderia ser mais inconsequente do que tomar medidas de flexibilização da quarentena como sinal inequívoco de que tudo voltou ao normal.

A julgar pelo comportamento de muitos brasileiros, a pandemia de covid-19 parece ser uma catástrofe que ficou para trás. Nada poderia ser mais inconsequente neste momento do que tomar as medidas de flexibilização da quarentena que têm sido adotadas pelo poder público como um sinal inequívoco de que o pior já passou e que tudo voltou ao normal. Afinal, a pandemia, cumpre reafirmar, não acabou. Ao contrário, ganha força.

Há algumas semanas, muita gente relaxou nos cuidados para conter a disseminação do novo coronavírus. Observaram-se grandes congestionamentos nos grandes feriados, praias lotadas, aglomerações em bares, festas e reuniões entre familiares e amigos, ou seja, comportamentos totalmente alheios à dura realidade: o vírus mortal ainda está em circulação no País.

Como o patógeno é implacável e não liga para o estado de espírito das pessoas, muitas exauridas nesses quase nove meses de quarentena, o número de infectados e mortos tornou a subir após semanas de queda e estabilidade. De acordo com o Imperial College de Londres, referência internacional no estudo da pandemia, a taxa de transmissão (Rt) do novo coronavírus no Brasil voltou a ficar acima de 1 pela primeira vez desde setembro. No dia 17 passado, a instituição britânica revelou que a Rt no País estava em 1,10, vale dizer, cada grupo de 100 infectados pelo Sars-Cov-2 transmitia o vírus para outras 110 pessoas. Apenas uma semana antes, a Rt estava em 0,68, então a menor taxa registrada desde abril. Uma taxa de transmissão acima de 1 indica que a doença está se expandindo. Abaixo, indica que está perdendo intensidade.

De acordo com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que monitoram a taxa de transmissão no Estado, a Rt em São Paulo está em 1,05, o que indica aumento da propagação da doença. Este aumento pôde ser sentido na ocupação dos leitos dos hospitais públicos e privados, que voltou a subir na primeira quinzena de novembro. As redes de laboratórios também registraram maior procura por exames para detecção do novo coronavírus, com aumento de cerca de 20% no número de diagnósticos positivos. Isso é mais do que um alerta. São vigorosos sinais do alto preço que o novo coronavírus cobra por qualquer descuido.

Diante desse quadro absolutamente preocupante, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), agiu bem ao editar um decreto prorrogando a quarentena em todo o Estado até o dia 16 de dezembro. Não houve a progressão para a faixa verde do Plano São Paulo, menos restritiva, em 90% do Estado, como planejado. As atividades consideradas não essenciais, portanto, poderão ser novamente suspensas nos termos do Decreto 64.879, de março deste ano, caso a Secretaria de Estado da Saúde julgue necessário, a depender da evolução da doença nos próximos dias. “Se tivermos índices aumentados, seguramente medidas mais austeras e restritivas serão tomadas. Reforço que não estamos no nosso normal, e sequer no nosso novo normal”, disse o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn.

Na capital paulista, o quadro é menos crítico, porém, não menos preocupante. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, não foi observado aumento significativo no número de internações em hospitais da rede pública municipal como se observou nos hospitais da rede privada. Mas houve interrupção da queda notada no mês de outubro.

O governo estadual afirma que não há que se falar, ao menos por ora, em “segunda onda” da covid-19 no Estado, pois o aumento do número de casos se dá em comparação com uma semana de feriados. Mas é fato que não é pequeno o contingente de paulistas que retomaram hábitos de antes da pandemia de forma menos cautelosa.

O comportamento de cada paulista determinará o próximo estágio da pandemia no Estado. Quanto maior a cautela, mais segura e duradoura será a retomada das atividades normais. Quanto mais negligente, maior o risco de aumento de contágios e mortes e mais duras serão as medidas de contenção do vírus.

Folha de S. Paulo

Cara de pau

Bolsonaro, que nunca se importou com madeireiros ilegais, quer fustigar europeus

Nada há de errado em denunciar importadores de madeira ilegalmente extraída no Brasil. Organizações não governamentais com frequência usam o recurso da responsabilização pública para desestimular a demanda por produtos oriundos de desmatamento irregular, ou que empreguem trabalhadores em situação degradante.

Dito isso, é imperioso assinalar o ridículo —para não falar do risco diplomático— da ameaça de Jair Bolsonaro de divulgar uma lista de compradores de madeira apreendida pela Polícia Federal. Se a intenção era constranger líderes europeus que o pressionam para conter a devastação da Amazônia, o disparo sairá pela culatra.

A extração não autorizada de madeira não é o principal motor da destruição. Abrir estradas e pátios clandestinos degrada a floresta, verdade, mas o corte raso se faz no interesse de grileiros e pecuaristas associados a toreiros que atuam no início da cadeia predatória.

A extração é seletiva, concentrando-se nas espécies de maior valor comercial. Derrubada a mata, 90% da madeira fica no chão e termina queimada. Dos 10% que seguem para serrarias, talvez a maior parte se destine ao mercado interno, não à exportação.

É diminuto o volume apreendido na operação Arquimedes, da PF, invocada por Bolsonaro. Os 2.400 m³ de madeira ilegal que seguiriam para Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Itália, Holanda, Portugal e Reino Unido representam mero 0,02% da produção de madeira em tora em 2019.

O presidente favorece a ilegalidade ao impor seguidas desautorizações ao Ibama quando seus agentes incendeiam tratores e caminhões de madeireiros infratores. O presidente do órgão, Eduardo Fortunato Bim, dispensou em fevereiro autorização específica para exportação do produto, facilitando delitos.

A operação Arquimedes desvendou toda uma rede de criminosos, de engenheiros florestais a funcionários públicos, que fraudam documentos para dar aparência de legalidade às cargas de madeireiros clandestinos. A propaganda do Planalto, entretanto, elegeu como bodes expiatórios compradores fora de sua jurisdição.

Assim agindo, Bolsonaro logrará desacreditar ainda mais a disposição e a capacidade do Estado brasileiro de fazer cumprir as próprias normas. De permeio, ajuda a estigmatizar um produto nacional e, pior, reacende picuinhas com a União Europeia, que resiste a um acordo com o Mercosul.

A eleição do democrata Joe Biden nos EUA tornou ainda mais urgente uma reorientação da política ambiental, o que passa pela saída do ministro Ricardo Salles. Bolsonaro, entretanto, prefere a briga cotidiana com a sensatez.

Valor Econômico

China dribla guerra comercial com grande acordo multilateral

China aproveitou o vácuo deixado por Donald Trump para urdir uma rede compacta de relações econômicas em sua própria região

Desde a crise financeira de 2008, os acordos de livre comércio entraram em compasso de espera, em meio a uma onda de restrições e protecionismo que encontrou seu ápice na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e China. A União Europeia fechou acordo com o Mercosul, que passará por um processo lento e difícil de aprovação, com contestações ao descaso brasileiro com o ambiente. A China agora deu um passo à frente e fez acordo com 14 países do eixo Ásia-Pacífico, que detêm 30% do PIB global.

Há um bom tempo, pelo menos desde o advento de Donald Trump à Presidência dos EUA, não se ouvia frases como a do primeiro-ministro, Li Keqiang, para quem o novo acordo mostrou que o multilateralismo e o livre comércio “ainda representam a direção certa da economia mundial e da humanidade”. A China, no entanto, é, sob vários aspectos, um dos países mais fechados do mundo, com o processo de formação de preços menos transparente entre as economias desenvolvidas e muitas das emergentes.

De qualquer forma, a China aproveitou o vácuo deixado por Donald Trump para não só aparecer como um campeão da globalização como também para urdir uma rede compacta de relações econômicas em sua própria região, uma natural área de influência geopolítica. A Parceria Econômica Regional Abrangente engloba as principais nações que negociaram com os EUA, sob a presidência de Barack Obama, a Parceria Transpacífica. Os EUA tinham com a iniciativa a intenção de impedir que os chineses passassem cada vez mais a ditar as regras do comércio global.

O objetivo de Obama não era apenas geopolítico, mas vitalmente econômico. Se a TPP fosse fechada, seria de fato o maior acordo global do mundo em comércio e PIB na região de maior expansão global. Trump tomou posse atacando os acordos assinados ou em gestação feitos pelas administrações anteriores como “os piores do mundo” e mais tarde resolveu investir contra a China com uma escalada protecionista que foi um fracasso – em vez de reduzir o déficit comercial americano, como pretendia, ele aumentou. A pressão pretendia trazer de volta as fábricas que empresas americanas alocaram no exterior, boa parte delas em solo chinês. Não houve a revoada para casa. Trump se retirou da TPP no início de governo.

A Parceria Abrangente incluiu Austrália, Nova Zelândia, Japão, Coreia do Sul, Vietnã, Malásia, Indonésia, Tailândia, Cingapura e demais países da Asean. Em duas décadas as tarifas serão eliminadas em 91% das linhas tarifárias e as regras de origem para o comércio intrabloco serão unificadas. Ao determinar o percentual de nacionalização aceito na produção de bens entre si, o acordo delimita barreiras para expansão de importações de países fora do acordo. Essa foi uma das exigências de Trump ao México na revisão do Nafta, para restringir, no caso dos automóveis, por exemplo, que empresas estrangeiras instaladas no México importassem grandes volumes de autopeças e modelos premontados das matrizes e seus carros ingressassem com baixas tarifas no mercado americano.

Acordos anteriores já uniam todos os participantes da nova Parceria, com exceção do Japão e da Coreia do Sul. O Japão terá 92% dos bens que exporta ao coreanos livres de tarifas (hoje, são só 19%) e 86% para a China (8% atualmente). Os países participantes terão um aumento de renda total de US$ 189 bilhões em 2030, calcula o Petersen Institute.

Nenhum acordo é isento de conflitos e a Parceria levou 8 anos para ser costurada. Perto do fim, a Índia, hoje em conflito político com Pequim, se retirou por temer especialmente a concorrência de produtos baratos chineses. A China retaliou sem pestanejar as importações vindas da Austrália, depois que os serviços de inteligência australianos apontarem que as redes de 5G da Huawei tinham brechas de segurança que poderiam favorecer a bisbilhotagem chinesa. As ilhas do Mar do Sul da China são fonte de disputa e atritos com o governo japonês.

O novo presidente americano, Joe Biden, pode tentar ressuscitar a Parceria Transpacífico, que conta com 7 países também signatários da Parceria Abrangente. Pode chegar à conclusão que já é tarde demais. A retórica globalista de Pequim, porém, abre brecha para que os EUA arregimentem o apoio da Europa para pressionar a China e enquadrar a China em regras comerciais mais explícitas e transparentes, no âmbito de uma reforma da Organização Mundial do Comércio. Biden tentará retomar a iniciativa, mas a China obteve trunfo de primeira grandeza com o acordo.

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