Veja as manchetes e editoriais dos principais jornais hoje (17/11/2020)

MANCHETES

O Globo

DEM e Centrão avançam, e polarização perde força
Bancada feminina cresce no Rio, em SP e mais 16 capitais
Com índice de 63%, reeleição de prefeito é a maior desde 2008
Barack Obama: ‘Brasil é ator central para frear a catástrofe global
Pix gera guerra de bancos para atrair clientes
Covid-19: Moderna diz que sua vacina tem 95% de eficácia
Biden: grandes corporações e ricos pagarão mais impostos

O Estado de S. Paulo

TSE foi atacado por ‘milícias digitais’, afirma Barroso
Internações na cidade de São Paulo registram alta de 18%
Em debate, Covas e Boulos ‘fogem’ de Doria e Lula
Abstenção supera 23% em 17 capitais
Prefeito é reeleito em MG após morrer
Reformas estruturais ficam para pós-eleição
Pix estreia com falha; BC nega instabilidade
Peru tem terceiro presidente em uma semana

Folha de S. Paulo

Barroso muda versão e diz que falta de testes provocou atraso
Bolsonaro elege 13 entre 59 como cabo-eleitoral
Cresce presença de negros e mulheres no segundo turno
Boulos deve unir esquerdistas, e Covas pode ver adesão velada
Centro de SP registra maiores taxas de abstenção
PT governará menor número de cidades em 20 anos, mas se agarra ao segundo turno
Governo federal vê mais tentativas de ataques de hackers e alerta órgãos públicos sobre risco
Esquerda avança na Câmara, que reúne de delegado a trans
Rejeição a presidente deve fazer Paes ganhar apoios críticos e isolar Crivella no Rio
Primos, João Campos e Marília Arraes lutam pelo voto conservador no 2º turno do Recife
Revisar contratos e reforçar a saúde são prioridades, diz prefeito eleito de Jaboticabal
Moderna afirma que eficácia de sua vacina é de quase 95%
Internação em alta expõe risco de festas de fim de ano
Só 16% de docentes dizem ter internet rápida nas escolas
Congresso escolhe 4º presidente do Peru desde 2016
Em livro, Obama fala do pânico com o 1º líder negro

Valor Econômico

MDB perde 30% dos votos, mas ainda lidera no país
Radicais querem Bolsonaro à direita
Nas 96 grandes cidades, só duas mulheres venceram no 1º turno
Brasil fica para trás na indústria automotiva
Asia-Pacífico unifica regras de origem
BNDES vende R$ 2,54 bi em ações da Vale
TJ aceita união estável com parceiro casado
Biden pede aprovação de pacote de estímulo fiscal

EDITORIAIS

O Globo

Os limites constitucionais entre Bolsonaro e as Forças Armadas

Alerta do comandante do Exército antes das eleições reafirma os deveres dos militares perante a Carta

Depois de o presidente Jair Bolsonaro passar a primeira metade de seu mandato abrigando militares no governo, numa tentativa de usá-los como escudo, o comandante do Exército, Edson Pujol, aproveitou uma live para fazer um alerta: as Forças Armadas são instituições de Estado, não de governo. Pujol reiterou ainda noutro evento seu entendimento — correto — do lugar das Forças Armadas no arranjo institucional do país.

Em mensagem publicada nas redes sociais, Bolsonaro respondeu sem discordar de Pujol, mas citou a parte do artigo 142 da Constituição, que define o espaço do Exército, Marinha e Aeronáutica, em que fica estabelecido estarem as três armas sob a “liderança suprema do Presidente da República”.

O assunto não ficou por aí. Uma nota do Ministério da Defesa lançada na véspera da eleição tentou pôr nos eixos a relação, delicada e vital, entre os militares e o Planalto. “A característica fundamental das Forças Armadas como instituições de Estado, permanentes e necessariamente apartadas da política partidária”, diz o texto assinado pelo ministro Fernando Azevedo e Silva e pelos três comandantes militares, “em nada destoa do entendimento do governo e do presidente da República”. Foi uma solução salomônica que, dada a repercussão fraca, ainda é insuficiente para encerrar a questão.

O governo Bolsonaro representou, queira-se ou não, um avanço dos militares sobre a política. A eleição da chapa formada com o general Hamilton Mourão deu às Forças Armadas um protagonismo no novo governo que elas não tinham desde a ditadura. Dos 23 ministros da Esplanada, dez são militares, um deles da ativa. Milhares de cargos de confiança são hoje ocupados por militares, não necessariamente indicados por critérios técnicos.

Criou-se um espaço vulnerável a situações embaraçosas. Um exemplo foi o desvario de pôr como ministro da Saúde, em plena pandemia, o general de divisão da ativa Eduardo Pazuello, depois humilhado pelo capitão numa live. Choques frequentes com a ala ideológica desgastam Mourão e já derrubaram os generais Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo) e Otávio do Rêgo Barros (porta-voz).

As críticas de integrantes das Forças Armadas à mistura perigosa com o poder sempre estiveram presentes, mas de forma discreta (caso do artigo recente de Rêgo Barros). Jamais houve manifestação tão clara, tão óbvia e tão necessária quanto a de Pujol. Algo que militares diziam em caráter privado se tornou público: para eles, a “suprema liderança” que o inquilino do Planalto exerce sobre as Forças Armadas não lhe permite usá-la, ou qualquer instrumento do Estado, contra a Constituição, cujos freios e contrapesos impedem autogolpes e outras aberrações.

O Estado de S. Paulo

A política venceu

O eleitorado aparentemente se cansou da gritaria, da leviandade e do cinismo. A política baseada na arte da negociação não só ganhou fôlego, como se mostrou capaz de seduzir as novas gerações.

Há duas maneiras de reagir a uma derrota eleitoral: como um democrata, aceitando os resultados e cumprimentando o vencedor, ou como um autoritário, inventando amalucadas conspirações para denunciar fraude nas urnas e, assim, deslegitimar o eleito. Como era previsível, muitos bolsonaristas, inspirados no ídolo Donald Trump e no presidente Jair Bolsonaro, preferiram o modo antidemocrático de lidar com o desastre eleitoral que sofreram no domingo passado.

Colaborou para criar o clima de maquinação a tentativa de invasão do sistema eletrônico do Tribunal Superior Eleitoral, notícia que causou confusão bem ao gosto do bolsonarismo. A tal invasão, deflagrada sob medida para colocar em dúvida a lisura do pleito, foi neutralizada e não ameaçou em nenhum momento a segurança da votação. Mas nada disso importa para os bolsonaristas, para os quais a simples menção a um “ataque hacker” foi suficiente para dar feição de verdade à patranha segundo a qual as urnas eletrônicas não são confiáveis – como reiterou irresponsavelmente o presidente Bolsonaro um dia depois da esmagadora derrota que sofreu nas urnas.

Sem nenhuma vocação democrática, aos bolsonaristas só resta mesmo recusar-se a aceitar que poucos candidatos apoiados pelo presidente Bolsonaro foram bem-sucedidos. Dos 13 candidatos a prefeito para os quais o presidente fez campanha, somente 2 foram eleitos e outros 2 estão no segundo turno. No Recife, por exemplo, sua candidata, Delegada Patrícia, chegou em quarto lugar; em Manaus, o postulante bolsonarista, Coronel Menezes, ficou em quinto.

Entre os candidatos a vereador apadrinhados por Bolsonaro, o desempenho não foi muito melhor. Carlos Bolsonaro, enfant terrible do clã, reelegeu-se para a Câmara do Rio, mas perdeu 36 mil votos entre uma eleição e outra. Wal do Açaí, funcionária fantasma de Jair Bolsonaro quando este era deputado federal, adotou o sobrenome do padrinho e contou com declaração oficial de apoio do presidente, mas obteve pífios 266 votos na eleição para a Câmara de Angra dos Reis.

Mas a maior derrota, sem dúvida, se deu na disputa pela Prefeitura de São Paulo, na qual seu candidato, Celso Russomanno, outrora líder das pesquisas com 30%, chegou em quarto lugar, com 10%. Para piorar, os finalistas no segundo turno são o prefeito tucano Bruno Covas, correligionário de seu maior desafeto, o governador João Doria, e o psolista Guilherme Boulos. Qualquer que seja o desfecho, portanto, o maior colégio eleitoral do País estará sob influência de um franco antagonista de Bolsonaro.

Se serve de consolo para o presidente, a performance do lulopetismo não foi muito melhor. O candidato do PT em São Paulo, Jilmar Tatto, carregado nos ombros por Lula da Silva, teve a pior votação da história do partido na capital, ficando num vergonhoso sexto lugar. E os resultados no resto do País foram igualmente decepcionantes, o que complica muito o projeto petista de liderar o movimento antibolsonarista que vai se formando para enfrentar o presidente na eleição de 2022.

A debacle bolsonarista e lulopetista nas urnas, dois anos depois de terem protagonizado a polarização que enfiou o País numa crise moral sem precedentes, é uma ótima notícia para a democracia brasileira. Significa que a política tem tudo para recuperar o terreno que os arautos da antipolítica julgaram ter conquistado com a vitória de Bolsonaro.

Significa, também, que o eleitorado aparentemente se cansou da gritaria, da leviandade e do cinismo, cujos protagonistas nada têm a oferecer a um País carente de rumo. Diante da devastação causada pela pandemia e ampliada pelo desgoverno de Bolsonaro, a política tradicional – que envolve uma disputa entre as melhores ideias, e não entre as mentiras mais descaradas – volta a ser valorizada. E é de ressaltar a presença de jovens candidatos competitivos em várias partes do País – o que prova que a política tradicional, baseada na arte da negociação, não só ganhou fôlego, como se mostrou capaz de seduzir as novas gerações.

Folha de S. Paulo

Conversa fiada

Ataque farsesco de Bolsonaro a urna eletrônica mal esconde temores de derrota

Eleições em ambientes democráticos competitivos, como é o caso brasileiro, ganham-se e perdem-se. O manual de boas condutas políticas prescreve aos derrotados que reconheçam o desempenho do vitorioso e sigam em frente, porque logo as urnas lhes propiciarão oportunidades de recuperação.

As correntes autoritárias e populistas que despontaram nos últimos anos rasgaram essa cartilha. Quando a derrota se insinua, ou se consuma, reagem com tentativas de desacreditar as instituições e as autoridades eleitorais com acusações infundadas sobre fraudes e conspiratas fabulosas.

O mestre Donald Trump —que como criança mimada esperneia contra uma derrota incontestável nos EUA— mostra o caminho, e seu discípulo o imita aqui no Brasil.

Ao presidente Jair Bolsonaro decerto não convém debater os resultados das eleições municipais deste domingo (15), que lhe foram desfavoráveis. Então tenta mudar de assunto voltando a questionar, sem apresentar nenhuma evidência, o modelo da urna eletrônica.

O mandatário aproveitou-se da lamentável falha do Tribunal Superior Eleitoral, que atrasou a divulgação dos resultados do pleito, para pregar o retorno ao voto impresso como forma de supostamente garantir a lisura do processo. Um minuto de atenção ao noticiário basta para acusar o sofisma.

O defeito em computadores do tribunal e a tentativa rechaçada de ataque hacker ao seu site não colocaram em xeque a confiabilidade da apuração dos votos. No primeiro caso, retardou-se a publicação de resultados; no segundo, evitou-se acesso a dados sigilosos.

Há que apurar os dois eventos, identificar e responsabilizar os delinquentes no segundo caso e agir para que os problemas não se repitam. Mas é preciso ter claro que em nenhuma hipótese conhecida a vontade do eleitor manifestada na cabine indevassável, alicerce da democracia, foi conspurcada.

A urna eletrônica brasileira não está conectada à internet e por isso não se presta a ataques remotos. Ao final do escrutínio, de cada uma delas se extrai um boletim impresso descritivo da votação, que pode ser conferido e auditado.

Auditorias e testes de vulnerabilidade são parte constante do processo e se incrementam a cada ciclo eleitoral. Em mais de duas décadas de uso maciço, nenhuma fraude foi comprovada no dispositivo.

O que preocupa Bolsonaro, obviamente, não são os aspectos técnicos do sistema de votação. Ele não se importa com a sustentação fática das asneiras que patrocina.

Dá curso à conversa fiada conspiratória porque enxerga nuvens carregadas no seu horizonte político. E sabe que, no Brasil como nos EUA, quem perde volta para casa.

Valor Econômico

Centrão avança, mas DEM, PSDB e MDB levam capitais

Bolsonaro segue competitivo mas, para vencer de novo terá de contar com a caridade de estranhos

As eleições municipais, com suas particularidades, deixaram sinais importantes para as próximas, presidenciais. Com a pandemia, campanhas curtas e distanciamento social, a continuidade dos partidos no comando das prefeituras prevaleceu – doze prefeitos tentaram reeleição em 13 capitais, seis conseguiram no primeiro turno e seis estão no segundo. A esquerda mostrou alguma reação, mas está dividida e sem rumo. Após a ascensão de Bolsonaro, ou por causa dela, novatos que esculhambavam a “política” foram ultrapassados por profissionais. As urnas alertam que o presidente Jair Bolsonaro corre o risco de entrar para a galeria dos políticos fugazes, que surgem como um cometa, vindo do nada, e desaparecem.

Dois anos em uma situação de crise econômica são uma eternidade e nada está assegurado quanto ao futuro. Mas dentro das linhas hoje traçadas, há três blocos se desenhando para a disputa presidencial. Parece claro que o presidente Jair Bolsonaro se lançou nos braços do Centrão e suas 10 legendas para impedir o impeachment, mas também para que a aliança possa reconduzi-lo ao cargo em 2022. Sozinho, no grito, por cima dos partidos, não mais.

Desdenhando o segundo partido da Câmara, o seu (PSL), Bolsonaro testou seu prestígio à sua maneira: voluntariosa e sem método. Indicou nomes para os dois maiores centros eleitorais do país – Celso Russomanno foi um fiasco (4º lugar em São Paulo) e Marcelo Crivella se arrastou para o segundo turno no Rio a uma grande distância do favorito, Eduardo Paes (DEM). De suas outras indicações resta o Capitão Wagner, que vai a segundo turno em Fortaleza.

A popularidade não se transferiu a ungidos ou familiares, como Walderice Conceição (a Wal do Açaí, fantasma paga por seu gabinete quando era deputado) ou a ex-mulher e mãe de Flavio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, Rogéria, que não se elegeram. As pesquisas mostraram novo aumento do percentual dos brasileiros que julgam sua gestão ruim ou péssima, que chegou a 50% em São Paulo e aumentou no Rio. O resultado mostrou que, sem partido, Bolsonaro deveria ter ficado longe das eleições, como prometera. Ao se meter nelas, nada de proveitoso colheu, exceto derrotas.

O presidente precisaria de cumprir a metade final de seu mandato com ótimos resultados na economia e no combate à pandemia para reeditar sua carreira solo de 2018. Não vai acontecer, e a tentativa de reeleição depende agora do Centrão, que não foi mal e avançou na rede de prefeituras. Com o PSD, e sem o MDB, as 10 siglas elegeram 2.545 prefeitos, quase metade dos 5.360 escolhidos até ontem. Só PP, PSD e PL tinham somados 1.650 prefeitos, ou 30% do total. Como ponto de partida, é forte.

Mas nas capitais, o centro de irradiação das candidaturas, a história não foi essa e se encaixa em outro bloco que almeja a Presidência, a centro-direita tradicional, com DEM, PSDB e, possivelmente, MDB. Esse bloco venceu nas capitais e arregimentou 1721 prefeitos, 31% dos municípios em disputa. DEM e PSDB venceram em 5 das 7 capitais em que a eleição se encerrou em primeiro turno. MDB disputa o segundo turno em seis delas, o DEM em uma (Rio) e os tucanos em outra (São Paulo). Ou seja, uma alternativa de centro fora do Centrão para desalojar Bolsonaro pode tomar forma.

A esquerda é o terceiro bloco, mas seu avanço não foi tão inequívoco quanto a ida para o segundo round da disputa por Guilherme Boulos (Psol) e Manuela d’Ávila (PCdoB) faz parecer – as chances de ambos vencerem são pequenas. O PT, antes hegemônico, foi mal e ainda perdeu prefeituras na comparação com o péssimo desempenho em 2016, onde elegeu 1 prefeito nas 96 maiores cidades do país, incluindo as capitais. Marília Arraes pode ganhar, mas o PT perdeu em centros importantes do Estado, como Caruaru, Petrolina e Jaboatão. Tem governadores no Ceará e na Bahia, mas perdeu nas capitais. Em São Paulo, teve a pior votação de sua história.

O Nordeste, mais avesso a Bolsonaro, não sufragou só a esquerda desta vez. O PDT pode manter Fortaleza e ganhar Aracaju, mas João Pessoa, Teresina, Maceió e Natal foram para PP, MDB e PSDB. Em tese, isto pode ser positivo para os cálculos de Bolsonaro, se a esquerda não se reagrupar, o que depende muito do PT.

Bolsonaro segue competitivo mas, para vencer de novo terá de contar com a caridade de estranhos – um Centrão volúvel, que não hesitará em desembarcar do apoio, como fez com Dilma, se o presidente por tudo a perder e melhores oportunidades surgirem.

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