Roberto Freire exalta 120 anos da Fiocruz: “Inteligência contra o obscurantismo”

Comemorar a data é especialmente importante, segundo o presidente do Cidadania, como contraponto ao espírito anticiência do governo Bolsonaro

O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, celebrou nesta segunda-feira (25) os 120 anos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma das maiores e mais importantes instituições de pesquisa do Brasil. “A data nos lembra a importância de ter no comando do país pessoas que respeitam a ciência. Celebro a Fiocruz e nossos cientistas na pessoa do saudoso Sérgio Arouca, seu ex-presidente e um dos artífices do Sistema Único de Saúde (SUS)”, elogiou.

Para Freire, são personagens como Arouca e Oswaldo Cruz, que dá nome à instiuição, que impedem de prevalecer o obscurantismo com que Jair Bolsonaro e seu governo tratam a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. “Temos mais de um século de pesquisa e desenvolvimento na área de saúde, já muito consolidados. Essa estupidez, embora esteja fazendo estrago, está aí há apenas um ano e meio. A ciência vai vencer o bolsonarismo”, disse.

Como exemplo, ele cita a independência e a coragem da Dra. Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz e referência em pneumologia no Brasil, que se destacou na linha de frente do combate tanto ao coronavírus quanto às fake news sobre a pandemia. Dalcolmo, que se curou da doença, sempre diz que o isolamento social severo e o SUS são as grandes armas do país no enfrentamento da Covid-19, observou Freire.

“A Fiocruz foi uma das primeiras instituições a apontar o volume absurdo de subnotificações no Brasil e a sustentar que o aumento exponencial de casos de síndrome respiratória aguda grave eram um indicativo do avanço da Covid-19 no país. Isso foi certamente muito importante para que o país passasse a lidar com a situação com a seriedade que ela exige e medidas de contenção fossem mais fortemente adotadas. Ciência salva vidas”, sustentou ele.

Por fim, o presidente do Cidadania observou que se o Brasil mantém hoje a esperança de ter uma vacina contra o vírus é porque instituições como a Fiocruz estão atuando. O negacionismo de Bolsonaro levou o país a ficar de fora dos esforços internacionais por um imunizante. “Poderíamos ter integrado o grupo europeu que reuniu investimentos de uma série de países para pesquisar uma vacina, mas esse governo de ineptos ignorou. Estaremos no fim da fila se o desenvolvimento for existoso. Dependemos mais e mais dos nossos cientistas”, apontou.

Fiocruz e Arouca

Criada em 25 de maio de 1900, como Instituto Soroterápico Federal, na Fazenda de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz nasceu com objetivo de fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica e se consolidou como uma das mais importantes instituições de pesquisa em Saude do país. Seu idealizador foi o bacteriologista Oswaldo Cruz e sua obra foi responsável pela erradicação tanto da peste quanto da febre amarela da cidade, mas seu trabalho foi mais tarde levado a todo o país.

Um dos presidentes da Fiocruz foi o médico sanitarista Sérgio Arouca, um dos artífices da criação do Sistema Único de Saude (SUS) e da inscrição da saúde como direito inalienável dos cidadãos na Constituição Federal de 1988. Arouca, que também foi deputado federal pelo então PPS, hoje Cidadania, e candidato a vice de Roberto Freire, em 1989, defendeu em tese de doutorado a saúde preventiva, que está na base do atendimento público de saúde. Seu trabalho científico fez dele nome internacionalmente reconhecido na área.

Massacre de Manguinhos

Freire também fez questão de lembra diversos outros nomes, com destaque para os pesquisadores perseguidos e afastados pela ditadura militar a partir do AI-5, em 1970. A Fiocruz teve 14% de seu quadro de cientistas cortados, pesquisas interrompidas e alunos que ficaram sem seus mentores, num movimento anticiência que resultou em perdas incalculáveis para a inteligência nacional.

Foram cassados, no episódio conhecido como Massacre de Manguinhos, os seguintes pesquisadores: Augusto Perissé, Domingos Arthur Machado, Fernando Braga Ubatuba, Haity Moussatché, Herman Lent, Hugo de Souza Lopes, Masao Goto, Moacyr Vaz de Andrade, Sebastião José de Oliveira e Tito Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti. Todos, menos Lent, que não aceitou o convite, foram reintegrados à Fiocruz na gestão Sérgio Arouca.

Segundo a página do instituto na internet, tinham “mais de 20 ou 30 anos de atuação” e “intensa produção científica”. “Esse espírito autoritário está em Jair Bolsonaro. Sua vocação anticiência e contra a academia, com corte de bolsas e perseguição a pesquisadores, terá custos altíssimos para a pesquisa e o desenvolvimento nacionais. Ele é uma ameaça ao futuro do país”, analisou Freire.

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