Rosa Weber dá 15 dias para Bolsonaro explicar fala, diz O Globo

Pedido foi feito por Dilma após presidente dizer nos EUA que quem ocupava o governo teve ‘suas mãos manchadas de sangue’

RAYANDERSON GUERRA – O Globo

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um prazo de 15 dias para que o presidente Jair Bolsonaro, caso queira, esclareça uma declaração feita durante sua viagem a Dallas, nos Estados Unidos, em maio, na qual Bolsonaro afirmou que “quem até há pouco ocupava o governo teve em sua história suas mãos manchadas de sangue na luta armada”. A ministra atendeu a um pedido da ex-presidente Dilma Rousseff. Bolsonaro fez a declaração durante a entrega do prêmio personalidade do ano da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos:

— Quem até há pouco ocupava o governo tinha suas mãos manchadas de sangue da luta armada, matando inclusive um capitão, como eu. Eu rendo homenagem aqui ao capitão Charles Chandler, um herói americano. Talvez um pouco esquecido na história, mas que escreveu sua história passando pelo Brasil — afirmou Bolsonaro, na ocasião, sem citar nomes. No discurso, o presidente se referia ao capitão do Exército americano Charles Rodney Chandler, assassinado por grupos de esquerda que participavam da luta armada durante a ditadura militar, em outubro de 1968.

À época, Dilma divulgou uma nota rebatendo o presidente: “Declaração mentirosa e caluniosa sobre minha história política”. A petista afirmou que não participou “de atos armados ou ações que tivessem ou pudessem levar à morte de quem quer que seja”. Entre 1967 e 1972, a ex-presidente militou em duas organizações de luta armada contra a ditadura, em São Paulo, no Rio e no Rio Grande do Sul. Para fugir da perseguição da polícia e do Exército, usou documentos falsos, transportou armas e dinheiro roubado, foi presa, torturada e ficou quase três anos na cadeia.

Não há registros, no entanto, de que Dilma tenha participado diretamente de ações armadas. Ao recorrer ao STF, a defesa de Dilma quer que Bolsonaro esclareça se a declaração era direcionada à ex-presidente, se a intenção dele foi dizer que Dilma teria matado Charles Chandler e se Bolsonaro sabe quem são os responsáveis pela morte do capitão e possui algum documento que indique qualquer acusação formal contra Dilma sobre fatos que envolvem a morte de Charles Chandler. Se as explicações não forem suficientes, o autor do pedido pode decidir ajuizar uma ação sobre as declarações.

VERSÕES DO PRESIDENTE

Rosa Weber é a segunda ministra a pedir explicações a Bolsonaro em menos de uma semana. O ministro Luís Roberto Barroso também deu prazo de 15 dias para que o presidente, caso queira, responda questionamentos feitos pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre a morte do pai do presidente da entidade, Felipe Santa Cruz. Fernando Santa Cruz militava em um movimento contrário à ditadura militar e desapareceu enquanto estava sob custódia do estado. Na semana passada, Bolsonaro disse que, se Felipe Santa Cruz quisesse, poderia contar a ele em que condições ocorreu o desaparecimento de seu pai. Ainda naquele dia, sugeriu que Fernando Santa Cruz teria sido morto por outros militantes, versão que não condiz com o resultado da investigação da Comissão Nacional da Verdade: ele teria sido morto por órgãos de repressão da ditadura militar.

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